... tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue.' Adriana Falcão
Sinto saudades. Saudade de ficar sozinha algum horário, por menor que fosse, na minha semana. Saudade de ficar sentada sem precisar pensar em nada, só deixando os minutos correrem. Da minha vida não tão pacata, mas boa de viver. De sair de casa as quatro pra ir pra aula sem a menor vontade de estudar. De sair correndo pra chegar a tempo pro ensaio, de chegar em casa exausta de tanto dançar e de dormir tarde porque não sabia me organizar. Sinto saudade dos meus amigos da escola, dos meus amigos de qualquer lugar, dos meus amigos da faculdade que ainda são tão importantes. Sinto saudade de piadas internas tão toscas que nem valiam ser explicadas, dos meus sábados à tarde de pijama, da minha família sempre por perto, da minha casa, da minha cama. Sinto saudade da minha cachorra latindo que nem louca, do capuccino da minha mãe e das conversas com meus pais. Sinto saudade de viajar uma vez por mês, de ter tempo pra planejar, de desenterrar músicas para gritar enquanto lavava a louça. Sinto saudade de ler livros a meu critério, de escrever músicas que ficam só pra mim, de reclamar do tédio no domingo à tarde. Sinto uma saudade imensa de ficar sozinha em casa na sexta de noite e comer pizza e assistir filme enquanto ninguém chega. Tenho saudade do meu emprego, que nem era tão legal assim, mas que me ensinou muito. Tenho saudade da vida que eu tinha, dos amigos que eu convivia, do meu conforto, da minha rotina.
De forma alguma digo isso pra que pareça que agora tudo é ruim. Mas só digo isso porque, de vez em quando, o que eu mais sinto é saudade. E vontade de voltar.