segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Nota


"O coração de uma mulher deve ser tão próximo de Deus que um homem precisa persegui-Lo para encontrá-la."
C. S. Lewis

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Homem íntegro



Precisamos aprender a dar o devido crédito às pessoas. Há menos de 48 horas o renomado arquiteto Oscar Niemeyer faleceu aos 104 anos. Mente brilhante, projetou variadas estruturas arquitetônicas pelo mundo, da Argentina à França, pelos cantos do Brasil, podemos vislumbrar construções inspiradas pelas vivências do arquiteto.
Mas, volto a dizer, precisamos aprender a dar o devido crédito às pessoas. E, no caso de Niemeyer, não me refiro às suas obras gigantescas e conhecidas mundialmente, nem à sua vasta idade ou sabedoria. Devemos dar crédito a ele por ter morrido sem dinheiro algum. Esse é o fato mais marcante de sua vida: Ele não poupou.
Quando os amigos do arquiteto passavam por dificuldades, necessitavam de recursos financeiros que não possuíam, lá estava Oscar auxiliando-os como podia. É claro que se tivesse poupado, hoje ele teria muitos recursos, mas ele compreendeu a vida antes do seu fim. Ele abriu mão de uma conta bancária de números altos por uma vida cheia de amizade, carinho e cuidado.
Ele cuidou daqueles que o cercaram ao longo dos seus 104, por pouco 105, bem vividos anos. E, dentre suas obras mais conhecidas, espero que esta seja a mais lembrada e aplaudida: a caridade. Caridade esta que não foi estampada nos jornais, nem forjada para dar-lhe renome como homem com“responsabilidade social”. Oscar Niemeyer foi uma perda para o Brasil, como arquiteto exemplar que foi e como modelo de desprendimento e bondade. Esta foi nossa maior perda, menos um homem íntegro neste país.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Pra hoje


Uma música boa, pode ser uma mpb ou um reggae antigo. Um afago na cabeça, um abraço leve que envolva e nos carregue das preocupações. Uma mão amiga, um amor antigo que durou, uma brisa suave, um temporal de domingo, um sorriso contagiante. Não é necessidade, é vida, é o que eu queria pra hoje.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

'E o que sinto por você...

...não tem fim.' You and Me . SOJA


Já fui mais forte, fato comprovado. Já consegui viver três, quatro, ou até sete dias sem te ver e ficar bem. Eu consigo viver bem e consigo fazer tudo que é necessário ser feito, mas faço tudo com uma saudade no peito. Podem ser dois dias, ou breves minutos, a saudade logo se instala ali. E fica. Perdura. Ela só vai embora quando tu chegas e da mesma forma se realoja em mim quando tu partes. Um dia já não teremos mais essas partidas tão constantes. Voltar pra casa significará voltar pra ti e te encontrar ali tão perto como sempre se quis. Um dia não haverá mais boa noite por telefone, nem dias sem se ver. Um dia. Um dia essa saudade que só aumenta e aumenta, diminuirá. Nos tornará rotina, num sentido mais tranquilo da palavra. Seremos rotina, de uma forma boa.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Gargalhar



Comecei nesse emprego faz uma semana e alguma coisa, porque teve feriado e porque não me dei ao trabalho de quantificar o que passou. Mas eis que, não conhecendo muito intimamente nenhum de meus colegas de mesa, resolvi continuar aquele livro que peguei emprestado na biblioteca ali do andar de cima. Páginas vão, paginas vem (porque são internalizadas por mim), comecei a ler uma tal de “A Mulher Invisível”, nada muito diferente. Mas a crônica era, em todas as suas formas, escancaradamente engraçada. Comecei a rir, ora baixinho, ora abaixando a cabeça para não ser pega nesse momento que era só meu e daquela mulher invisível. Não houve jeito, fechei o livro e deixei a nossa piada interna para mais tarde, onde eu pudesse rir, digo, ler afoitamente aquela meia página que ainda me faltava. E nessas de conter o riso me deparei com uma palavra que há muito não fazia parte do meu vocabulário: gargalhar. E nem pesquisei sinônimos no dicionário, só sei que não era só dar risada, era gargalhar, aquele mais impulso do que ação planejada, mais incontrolável que a vontade de terminar de ler sobre a tal da mulher invisível.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Parafraseando


"Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que normalmente faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair para compras e reuniões - se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem para sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como?
Você vai dizer "te anima" e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer para eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra.
Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra.
A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro da nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido.
Depressão é coisa muito mais séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente - as razões têm essa mania de serem discretas.
"Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago de razão/ eu ando tão down..." Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. "Não quero  te ver triste assim", sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar o seu espaço, nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está  calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinícius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia.
Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem por isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor - até que venha a próxima, normais que somos."

A Tristeza Permitida - Martha Medeiros

domingo, 5 de agosto de 2012

Lista de contentamento


E aí, ao invés de seguir a maré dessa sociedade enfurecida, decidi que não quero dizer hoje aquilo que cansei  e de como odeio (me irrito/frustro) com certas circunstâncias. Portanto, prefiro elencar o que me faz pensar em coisas boas, que me agradam, dão sensação de aconchego, de dia bom, de vida tranquila. Porque reclamar é a arte de todo mundo, agora ser contente é raro, tão raro que não me enquadro, mas tento.
Gosto de música acústica, domingo no sofá, filme mamão-com-açúcar, cozinhar em panela antiaderente, dias de sol, morango, cobertas fofas (no sentido de textura e cores), cafés, sites de casamento, sites de imagens, dirigir sozinha, ver e rever fotos, sucos, livros de romance, pessoas empolgadas, ideias novas, pizza, sapatilhas, vestidos, saias, jogos dinâmicos, banho, pantufas, dormir.
E, mesmo sendo apenas detalhes de uma vida com tanto mais pra se dizer, é disso que eu gosto (e tanto mais que se deixa de citar ou está nas entrelinhas) e é disso que sinto falta durante os dias em que não os tenho. São meus gostos, minhas preferências, minhas escolhas, meus sentimentos. Meus. Meu. Eu.