Precisamos aprender a dar o devido crédito às pessoas. Há menos de 48 horas o renomado arquiteto Oscar Niemeyer faleceu aos 104 anos. Mente brilhante, projetou variadas estruturas arquitetônicas pelo mundo, da Argentina à França, pelos cantos do Brasil, podemos vislumbrar construções inspiradas pelas vivências do arquiteto.
Mas, volto a dizer, precisamos
aprender a dar o devido crédito às pessoas. E, no caso de Niemeyer,
não me refiro às suas obras gigantescas e conhecidas mundialmente,
nem à sua vasta idade ou sabedoria. Devemos dar crédito a ele por
ter morrido sem dinheiro algum. Esse é o fato mais marcante de sua
vida: Ele não poupou.
Quando os amigos do arquiteto
passavam por dificuldades, necessitavam de recursos financeiros que
não possuíam, lá estava Oscar auxiliando-os como podia. É claro
que se tivesse poupado, hoje ele teria muitos recursos, mas ele
compreendeu a vida antes do seu fim. Ele abriu mão de uma conta
bancária de números altos por uma vida cheia de amizade, carinho e
cuidado.
Ele cuidou daqueles que o cercaram ao
longo dos seus 104, por pouco 105, bem vividos anos. E, dentre suas
obras mais conhecidas, espero que esta seja a mais lembrada e
aplaudida: a caridade. Caridade esta que não foi estampada nos
jornais, nem forjada para dar-lhe renome como homem
com“responsabilidade social”. Oscar Niemeyer foi uma perda para o
Brasil, como arquiteto exemplar que foi e como modelo de
desprendimento e bondade. Esta foi nossa maior perda, menos um homem
íntegro neste país.