sexta-feira, 25 de junho de 2010

A tão sonhada...


...liberdade.
Ser livre não é algo para ser definido, mas para ser vivido. Ser livre não é estar no alto de uma montanha, abrir os braços e sentir o vento no rosto. Não. Liberdade é mais do que um lugar ou sentimento. Ser livre é razão e não emoção. Porque quando se está cansado, atolado de trabalhos e as dúvidas vêm como flechas de todos os lados, você pode continuar sendo livre.
Ser livre não é poder ir pra festas ou não estar na cadeia, isso são apenas lugares e permissões, não liberdade. Liberdade é poder optar, não ser prisioneiro de uma vontade ou de necessidades, é poder viver muito bem sem os padrões impostos pela sociedade em que vivemos. Liberdade vai além da mente limitada que temos, não é uma sensação de momento, não é um ato de rebeldia, é ter sua opinião formada apesar das controvérsias de outras pessoas, é ter problemas e não se deixar sufocar por eles. Ser livre é uma forma de vida.
Triste mesmo é quem acha que é livre, mas segue a moda à risca, precisa sempre de alguém do lado para ser feliz, não consegue expor suas opiniões por medo das reações dos outros. Triste é quem se anula pra fazer a vontade de outros, quem acha que é livre mas vive como marionete do mundo. Quem tem uma voz e a emudece, tem olhos mas os venda para não precisar bater de frente com as injustiças, tem uma opinião mas a omite. Triste é quem poderia fazer diferença, nem que fosse apenas no mundo que o cerca, mas vende sua liberdade em troca de aceitação.
A liberdade não pode ser contida dentro de uma redoma de vidro. Triste é quem não sabe disso e perde a tão sonhada liberdade. Perde a sua voz única, anula sua chance de contribuir para o mundo em que vive. Morre. Porque quem não se faz ouvir, não faz diferença nenhuma.
'Eles estão me dizendo que é bonito, eu acredito neles. Mas será que um dia vou conhecer o mundo por trás da minha parede?' Tokio Hotel

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Toda dor do mundo seria pouco se eu ainda tivesse você.


Lágrimas tímidas rolavam pela sua face, faziam oito meses e a dor ainda era a mesma. Ela tinha as cicatrizes daquele dia, visíveis e invisíveis. Enquanto se agarrava firmemente à grade do lugar onde tudo ocorrera seus olhos embaçavam com a enxurrada de lágrimas e suas pernas fraquejavam obrigando-a a ceder e se aninhar junto ao solo.
Oito meses deitada em uma cama de hospital, a maior parte deles vegetando. Meses para se recuperar de um acidente. O corpo dela havia mudado, havia cicatrizes por toda parte, os olhos eram fundos e escuros, mas ela estava viva. Na época ela estava noiva. Ela e o noivo estavam voltando de uma visita os pais dela quando um motorista bêbado perdeu o controle do carro e os atingiu. O carro capotou inúmeras vezes, os dois foram jogados para fora do carro brutalmente. Ela sobreviveu, ele não.
As feridas abertas durante o acidente eram extremamente superficiais se comparadas à dor de tê-lo perdido. Não havia corte profundo demais que se igualasse ao buraco aberto no coração dela com a morte da pessoa que ela mais amava. Morte, a morte era um vazio, uma falta inenarrável, uma perda irrecuperável, uma dor. Uma dor que só ela sentia.
Faziam oito meses, a dor era excruciante, a vida parara há tempos. Ela poderia ter suportado todos os cortes e ferimentos do mundo. Poderia até viver sem um braço, uma perna ou até com a dor constante de uma ferida em aberto, mas aquela dor, aquele 'nada' que havia restado de sua maior alegria, aquilo era a mais pura covardia com ela. A única coisa que ela conseguia era se agarrar àquela grade, dia após dia, na esperança de ele voltar e abraçá-la. Ela não acreditava que ele podia ouvi-la, embora tivesse largado um bilhete, próximo ao seu túmulo. Esse bilhete era, para ela, a ligação que ainda havia entre eles. Ela precisava ao menos fingir que ele estava ali do lado e que conseguia entender sua dor através de palavras:
'Meu amor, hoje eu sei que suportaria todas as dores físicas do mundo, pois a que eu convivo me curva diariamente, tamanha é a sua intensidade. Hoje eu sei que dor nenhuma se compara a de ter perdido meu coração em um acidente, ele estava preso à você.'

terça-feira, 15 de junho de 2010

Barulho


A noite estava fria, mas ela realmente não se importava. Ela precisava respirar e, para ela em particular, isso significava caminhar. Caminhar para o mais longe possível, como se a noite nunca terminasse e a realidade ficasse para trás. Uma quadra, duas... Faziam horas que ela estava caminhando, mas não tinha cansaço que a fizesse parar. A noite ficava cada vez mais gélida. Os termômetros nas ruas marcavam abaixo de 10º e tudo que ela usava era uma camiseta vermelha com os dizeres 'be stupid', extremamente adequados para o momento.
Ela havia passado por três semanas árduas de provas na faculdade, situações delicadas no trabalho e mais ainda em casa. E, apesar de todos esses fatos quase-heroicos, ela continuava se sentindo extremamente sozinha. Não havia barulho algum que amenizasse o silêncio que se alojara em seu coração. Era isso que ela estava fazendo, seguindo os dizeres de sua camiseta, sendo idiota e tentando, com esse ato impensado, encontrar um barulho que arrancasse aquela solidão de dentro dela. Mais algumas quadras percorridas, ela agora estava em meio a multidão, no centro da tumultuada cidade em que vivia. Feliz ou infelizmente não havia rostos conhecidos. Foi quando os olhos dela cruzaram com os dele. E ela se desnorteou ou, finalmente, encontrou o norte. Era um misto de querer correr e trocar de camiseta, arrumar o cabelo e encontrar forças pra sorrir, com um misto de felicidade e paz que a inundavam. Dentro da sua cabeça tambores soavam ritmadamente, fazendo um barulho absurdo. Barulho. Finalmente ela se sentia parte daquela multidão, não havia solidão, nem silêncio. Ela podia finalmente voltar para casa. Essa troca de olhares durou cerca de meio minuto, o suficiente para trazê-la de volta à vida. Então os olhares se descruzaram, o frio se fez conhecido novamente e ele passou junto com toda a multidão. Algum tempo depois, ela deu meia-volta e tomou o caminho de casa. Não importava que ela se sentisse sozinha novamente, contanto que ela pudesse lembrar que havia momentos como aquele de minutos atrás: vivos.
Então ela acordou, meio sem saber que horas eram, sentindo um frio tremendo. Ela empurrou seu corpo até o banheiro, acendeu a luz, lavou o rosto com calma, puxou o cabelo para trás e o prendeu. Observou sua imagem no espelho, ficou um tempo analisando os detalhes. Um rosto de quem havia lutado com a cama, o cabelo emaranhado e a boca levemente roxa de frio por estar usando apenas uma camiseta com os dizeres 'be stupid'.

Na verdade mesmo, falta descrição


Quando falta palavra é porque o cérebro ainda não encontrou uma conclusão, o coração não encontrou um compasso para a batida e a vida em si ainda não encontrou a lógica para o momento. Talvez conclusões tardem e nem sejam as melhores, mas vivo esperando por cada uma delas. O coração nunca precisou de compasso, mas é bom quando conseguimos entender a quantas ele anda (as vezes tento encontrar um compasso me enganando que o melhor é a batida ritmada, sendo que bom mesmo é quando ele acelera e tenta sair garganta afora). Momentos não precisam de lógica, não sei do que eles precisam, só sei que a vida é feita de momentos. Falta palavra pra continuar, falta sentimento para ser descrito. Na verdade mesmo, falta descrição pra tanto sentimento junto, confuso e entrelaçado.



'Se você não pode explicar isso de modo simples, não entendeu bem o suficiente.' Albert Einstein

domingo, 13 de junho de 2010

Parar

Faz tempo, faz muito tempo. Muitas situações diferentes, sempre alguma novidade me fazendo correr ao invés de parar para refletir. Talvez minhas atitudes tenham revelado isso desde o início: eu não conseguia descansar.
Eu desisti, sem saber ao certo se era o melhor, sem ter a certeza de que desistir era o correto e que era a hora. Eu só não conseguia descansar, nem fazer nada além de olhar para o tamanho dos problemas e colocá-los na frente de tudo, na frente de Deus.
Deixei que o 'aqui e agora' me fizesse duvidar da promessa do meu futuro, larguei de mão muita coisa. E aí eu parei. Parei e resolvi recomeçar do zero, voltar no início daquela situação, entregar e descansar por definitivo nos braços de Deus. Não, eu não havia abandonado Deus antes disso, simplesmente não conseguia descansar e isso me consumia em todos os aspectos, todos.
Não, eu não me arrependo de ter largado aquela situação toda de mão, também não me arrependo de um dia ter começado. Mas insisto em dizer que precisava parar. Eu precisava largar tudo de mão e ter apenas Deus na minha frente de novo, para poder redefinir meu foco novamente. Eu precisava ter parado com tudo, me distanciado um pouco (ou muito) dessa situação toda e não ter absolutamente mais nada para pensar ou agir. Só eu e Deus, sem situação alguma que pudesse me tornar inconstante.
E eu consegui. Não podia ter continuado com aquilo, eu precisava antes ser aperfeiçoada em um 'pequeno detalhe' no qual eu acreditava estar completa. Eu precisava (muito mesmo!) ser aperfeiçoada no amor, aprender a servir a Deus por mim e por Ele e não por outros motivos. Eu precisava tanto desse tempo. E, hoje, tenho por certo de que ainda há muito para ser trabalhado em mim. E, enquanto eu vou sendo aperfeiçoada, moldada e lapidada por Deus e pelo tempo que passa ligeiro, sigo em paz. Sigo descansada, finalmente. Sabendo que se aquilo realmente fosse o melhor, vai permanecer, vai crescer e vai voltar. Eu creio nisso, creio com uma fé sem questionamentos, creio com tudo e espero da mesma forma. Mas antes de perceber isso, eu precisava parar.


'Eu, eu sento no silêncio aqui
E eu estou cheio com o desejo novamente
Eu estou inundada pelo Seu lindo amor
Agora eu, eu estou dobrando meus joelhos,
tão grata pela graça que Você me entregou
O amor que eu preciso eu achei em Você.'
Rebecca St. James

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Valentine's (some)Day


'Finalmente chegou o dia do casamento da Anna, o dia que ela tinha sonhado e planejado por meses...Anna caminhava pela passarela em direção ao David... Este era o momento que ela tinha aguardado tanto... Mas no momento em que o celebrante começou a conduzir Anna e David nos votos matrimoniais, aconteceu o impensável. Uma garota se levantou no meio da congregação, caminhou em silêncio para o altar e tomou a outra mão do David. Uma outra garota se aproximou e ficou ao lado da primeira, e depois outra também fez o mesmo. Logo uma corrente de seis garotas estavam ao seu lado enquanto ele fazia o voto para Anna. Anna sentiu um tremor nos lábios enquanto as lágrimas enchiam os olhos.
- Isso é algum tipo de piada - ela sussurrou ao David.
- Me... me perdoe, Anna. - ele disse, olhando para o chão.
- Quem são estas meninas, David? O que está acontecendo? - ela perdeu o fôlego.
- São garotas do meu passado. - Ele respondeu com tristeza - Anna, elas não significam nada para mim hoje... mas eu dei uma parte do meu coração para cada uma delas.
- Pensei que o seu coração fosse meu -disse ela.
- E é mesmo, é mesmo. - Ele implorou - Tudo que sobrou é seu.
Uma lágrima correu pela face de Anna. Então ela acordou.
Anna me contou seu sonho em uma carta. "Quando acordei me senti tão traída", ela escreveu. "Mas logo fui atingida por um pensamento deprimente: Quantos homens se alinhariam ao meu lado no dia do meu casamento? Quantas vezes dei meu coração em relacionamentos de curta duração? Será que vai sobrar alguma coisa para dar ao meu marido?"... Ainda sinto a dor de ter dado o meu coração para mais garotas que devia no meu passado.'
(Trecho resumido) Eu disse adeus ao namoro. Joshua Harris

Se ao menos nós tivéssemos ouvido antes sobre a dor de deixar partes do nosso coração em relacionamentos que fracassaram, se nós tivéssemos aprendido sem precisar sofrer as duras consequências de uma desilusão. Mas nós nunca ouvimos, eu não quis ouvir. Eu preferi entregar partes do meu coração em relacionamentos que não tinham perspectiva nenhuma de futuro. Foi minha escolha, é a escolha da maioria. Por isso que eu digo: esperem. Por isso que eu digo: espera, Bah. Pra que sofrer se nós podemos evitar? Vale realmente a pena entregarmos nosso coração cedo demais e o vermos despedaçado depois? É tão importante assim ter um namorado a ponto de escolher o primeiro que aparece pela frente? Sejam seletivos, escolham o melhor pra vocês. E, com certeza, o melhor existe. Se não apareceu ainda não optem por se 'divertir com os errados', esperem. É assim que se mantém um coração saudável.
Um Feliz Dia dos Namorados pra todos os que já encontraram o melhor e mais ainda pra quem continua na espera.

terça-feira, 8 de junho de 2010

A gente aprende


Um dia a gente aprende que drama não leva a nada, sinceridade é a fórmula que gera confiança, amigos vem e vão embora com a mesma rapidez, nem tudo é como queremos, abrir mão é necessário, ser feliz além das circunstâncias é mais necessário ainda, lidar de frente com os problemas é a melhor forma de se livrar deles, amar é inevitável, sofrer também, errar é inteiramente humano, persistir no erro é burrice, todo ser humano de vez em quando dá uma de burro.
Um dia a gente aprende que ninguém nos pertence e que nós não pertencemos a ninguém, as pessoas se aproximam porque querem e se afastam pelo mesmo motivo. Aprendemos que o verdadeiro amor respeita, embora não concorde. Que a distância pode fortalecer um sentimento ou esfriá-lo e só o tempo pode tirar essa dúvida. Que todo mundo tem medo de tomar uma decisão errada e perder algo pra sempre, mas que ainda assim todos precisam escolher um lado do muro.
Um dia a gente aprende que o melhor é se calar e ouvir, mesmo se for injusto. Aprende a não chorar por qualquer coisa, a não se estressar com detalhes, a se alegrar mesmo com pouco. Aprende que nossos pais são os únicos que nos conhecem inteiramente, desde a pior fase até os melhores momentos, e que vale a pena ouvi-los. Que ser sarcástico é muito mais fácil que demonstrar uma dor qualquer que nos invade, julgar é horrível quando somos julgados, mas não pensamos duas vezes antes de julgar outra pessoa.
Um dia a gente aprende que a nossa sociedade dita um padrão inteiramente inaceitável, mas que nós seguimos de olhos vendados. Aprendemos que agir com superioridade não é pisar nos outros, mas é dar o exemplo. Que ter dinheiro é necessário, mas não o motivo de uma busca desenfreada sem descanso algum. Que ter status só é válido se ele nos permite fazer alguma diferença no meio em que vivemos, senão é só mais um título que nem sequer merecemos possuir.
Um dia a gente aprende que sabemos na teoria tudo o que foi citado acima, mas que por mais que decoremos em ordem e de trás pra frente, nós ainda vamos errar. Porque a prática, ah, na prática não é nada fácil.

domingo, 6 de junho de 2010

Por Aí


Ela sente falta dele, mas não sabe quem ele é. Talvez uma junção de todos que conheceu, talvez alguém inteiramente novo, que faça seu coração se debater freneticamente apenas ao olhá-lo. Ela não sabe se sua visão a cega ou se ela está apenas tentando se enganar, que aquilo não é amor, que não é a pessoa que ela tem esperado por tanto tempo. Ela apenas sabe que ela o ama, independente de quem é, de como se veste, do timbre de sua voz, do brilho dos olhos. Independente do trivial, ela o ama. Ela sonha com ele, embora em seus sonhos ele assuma uma forma que não seja a sua real. E ela sabe que ele está por aí, esperando por ela de alguma forma também.
Ela precisa do sorriso dele, dos braços que vão protegê-la, dos ouvidos atentos sempre disponíveis para ela. E ela se sente parte vazia por causa dessa ausência, mas ela vai ser fiel a ele, mesmo que ele ainda não a conheça e não a ame.
Ela sonha de olhos abertos, pensando nas milhões de coisas que eles farão juntos, nas brigas e mais ainda nas reconciliações. Ela sabe que ele não é perfeito, mas que a mão dele vai ser o encaixe perfeito para a dela e que o seu sorriso vai ser mais brilhante que todos os outros na visão dela. Ela pensa no dia em que vai chorar por causa dele e ainda assim não vai deixar de amá-lo, nas noites de insônia esperando que o dia chegue e traga ele com o sol, nas palavras trocadas sem serem promessas porque eles sabem que não serão desfeitas.
Ela espera por ele como uma criança espera um presente ou como qualquer tipo de espera ansiosa mas certa de que terá um fim, e um começo. O começo do resto das suas vidas, juntos e durante toda a eternidade.

'A cidade as vezes é o inferno, criei então um universo onde tudo era perfeito e feito pra nós dois.' Capital Inicial