terça-feira, 27 de abril de 2010

Admitir


Alguém já ouviu falar sobre 'admitir é o primeiro passo para a recuperação?'. Talvez se eu admitisse mais e fingisse menos eu estaria me recuperando, mas nem o primeiro passo eu dei ainda. Eu vivi muito tempo fingindo uma vida perfeita. Eu sorria o tempo todo, nada me atingia e eu me bastava. Aí eu aprendi duramente que não era assim. O mundo não girava ao meu redor, o amor não era um jogo e eu nunca me bastaria. Quando me dei conta de cada uma dessas verdades já era quase tarde demais, precisei mudar os conceitos que havia feito parte de quase toda minha vida. Ser arrogante não era algo admirável e viver acreditando que o amor era um jogo não me isentava de ferimentos graves. E, tenho que admitir, perceber isso me trouxe a tal da 'baixa auto-estima', as noites mal dormidas, a vulnerabilidade.
Então, mais uma vez eu optei camuflar minhas verdades por ter medo que elas fossem reais demais. Eu convenci a mim e a alguns outros que eu era insensível. Eu agia como tal. Depois de algum tempo, repetindo esse termo e unindo-o à minha personalidade, alguns acreditaram incluindo a mim. Mas não era verdade, não é verdade. Eu sou sensível, talvez até demais. Eu fingia não me importar com os sentimentos dos outros e nem com os meus próprios. Mas aqui estou eu me desfazendo de todas as máscaras. Eu realmente me importo, talvez eu não faça nada com o fato de me importar. Mas eu precisava dizer que me importo.
Talvez eu nunca mais consiga admitir tão abertamente, talvez eu deixe de fingir isso. Mas nunca se sabe, então, me ouçam pelo menos dessa vez e guardem bem todas essas palavras. Não sei quando conseguirei repeti-las novamente.
'O silêncio não é tão ruim
Até eu olhar para as minhas mãos e me sentir triste...
Vou encontrar repouso em novas maneiras
Embora eu não durma há dois dias
Porque uma nostalgia fria me arrepia até os ossos.'
Owl City

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Tic tac, dezessete


Ela queria tudo e nada ao mesmo tempo. Fazer aniversário era como se ela morresse um dia antes para nascer de novo no outro dia, mesmo que pela décima sétima vez em sua vida.
Ela. Eu. Preferia me referir a mim como 'ela', fazia mais sentido falar na terceira pessoa. Ela era eu, só que vista de cima.
Ela ficou seus últimos minutos parada em meio ao quarto olhando-se no espelho. Aquela imagem, repleta de traços difíceis de se desenhar (segundo um amigo), ora sorrindo, ora encarando... Seria a mesma imagem do dia seguinte, mas na identidade constaria um ano a mais carregado nas costas. E quanta coisa aconteceu em um ano! Ela mal conseguia assimilar a quantidade de fatos que havia ocorrido, mas ela sabia quem havia se tornado. Talvez o rosto fosse o mesmo, mas via-se pelos seus olhos as marcas do tempo. Através dos seus olhos podia-se rapidamente constatar que alguns passos foram em falso e depois de um tempo viraram cicatrizes. Essa era ela, cheia de cicatrizes obitdas ao longo do tempo. O tempo, ele havia passado, já fazia um ano desde que ela parara para notar os ponteiros correndo velozmente.
Hoje era o dia da casa estar cheia de balões, preparada para uma verdadeira festa. Mas ela só conseguia olhar para os ponteiros e agradecer por saber que cada 'tic tac' da sua vida já estava nos planos de Alguém.
Parabéns, pra ela.

domingo, 25 de abril de 2010

A Ti


Já faz um longo tempo eu resolvi te entregar tudo o que eu tinha. Sonhos, planos, até mesmo as feridas que obtive por não querer tua opinião. Faz um tempo que eu tenho colocado tudo diante de ti e tenho esperado tuas respostas, teu tempo. Tenho que admitir: não é nada fácil me submeter a isso, mas faço com alegria. Eu te entreguei as áreas da minha vida pra deixar sob teus cuidados. Novamente preciso admitir: relutei para te entregar algumas que eu acreditava ser forte o suficiente.
E aqui estou eu, hoje, esperando novamente pela tua resposta. Talvez seja um sinal verde ou, talvez, uma freiada e uma nova direção. Mas independente de como ou o que irá acontecer daqui pra frente, isso está nas tuas mãos e debaixo da tua vontade. E eu vou me encaixar onde tu quiseres, eu não vou perguntar por que, eu vou obedecer sabendo que teu amor por mim é tão grande que não procura me causar danos.
Já não fico mais ansiosa, sei que tu tens o melhor. Talvez eu tenha demorado um tempo a perceber, talvez ainda nem tenha percebido por inteiro. Mas continuo te entregando tudo sabendo que se algo acontecer vai ser por ti e da maneira correta. E não pelas minhas mãos humanas e imperfeitas. E, independente da resposta, eu vou continuar esperando em ti.
'You remind me words You've spoken over my life, promises I've yet to see, You comfort me.' Barlow Girl

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Do amor


Tenho preguiça do amor. Tenho minha rotina tão certa e ao mesmo tempo desorganizada. Meus pensamentos, meus gostos e desgostos, minhas manias e a falta delas também. E o amor continua me dando preguiça. Amor só é bom ao natural e nessa minha fase (que faz tempo e não acaba nunca) eu não tenho muitas opções, meu coração é oco.
O amor, amor de verdade e por uma única pessoa, me abandonou faz um tempinho. Na verdade eu que chutei ele para fora do meu corpo. Deu certo. Pela emoção eu nunca teria deixado de amar ou estaria sempre em busca de preencher essa lacuna. Mas pela razão, minha fiel escudeira atualmente, eu quero amar, mas não uma única pessoa e 'daquela forma'.
Eu gosto dessa minha razão, mesmo sendo insensível a maior parte do tempo. O brilho no olhar desapareceu por completo. Às vezes até chego a acreditar que o amor não foi feito pra mim e que ele nunca vai bater à minha porta. Às vezes tento encontrar um olhar que me faça acreditar no oposto, que me faça querer permanecer olhando e desvendando aquele olhar que tem um dono. Mas o olhar é pouco. É preciso o conhecer, o sorriso, as descobertas, os detalhes. E, aí sim, talvez o amor que só se tem por aquela única pessoa.
Uma vez eu corria atrás do amor, eu queria ele de qualquer jeito, fazia de tudo por ele. Hoje, se ele não me encontrar eu vou continuar aqui, com minha preguiça do amor.

'But at the end it's still so lonely (...) How could you be so heartless?'

domingo, 18 de abril de 2010

Ela esperaria


Ela estava em uma tempestade, não sabia quanto tempo aquilo iria durar. As gotas chicoteavam gélidas em sua pele, a faziam tremer de frio. Ela estava no meio da tempestade, não conseguia ver o tamanho do estrago que ela causava por causa disso. Só sabia que estava cansada e logo suas forças já estariam esgotadas, de tal forma que ela iria se render à tempestade sem hesitar. No início ela tentara correr o mais rápido possível para se livrar da fúria da tempestade, mas ela não conseguia sozinha. Após um tempo tudo que ela fazia era gritar por ajuda, gritava tão alto que sentia seus pulmões se debatendo irritados dentro de seu corpo. Por um bom tempo ela já nem acreditava mais ter escapatória, ela se sentia sozinha e, pior, sabia que suas forças não eram suficientes para vencer sozinha. Ela precisava de descanso, mas Ele não vinha.
Ela sabia que tudo que ela precisava fazer era aguentar firme, focar no futuro descanso e não se deixar abater pela chuva que castigava sua pele e encharcava suas roupas. Ela aguentou firme, acreditou. Ela ainda não conseguia nem ao menos vislumbrar o descanso, mas sabia que Ele viria. Ele havia prometido.
E Ele veio. Segurou ela firmemente no colo e a tirou lentamente da tempestade. Durante o percurso Ele ouvia atentamente as lições que ela havia tirado de seus momentos dentro da tempestade. Ele cuidou dela enquanto caminhava lentamente pela tempestade, lhe deu roupas novas, tirou o frio que ela carregava consigo, protegeu ela de todas as gotas de chuva. Ele cumpriu a promessa de mantê-la inteira, de não se ausentar, de não perdê-la de vista.
E quando ela finalmente conseguia sentir seu corpo sem dores, fortalecido, ela abriu os olhos. Ela conseguiu ver o mar, a areia tão limpa. Ela só ouvia o barulho das ondas quebrando na beira da praia e a voz dEle. Era a promessa sendo mantida mais uma vez. Ela sorriu para Ele e Ele retribuiu alegremente seu sorriso. Ele colocou-a no chão e pegou-a pela mão. Ele nunca iria abandoná-la, mesmo quando a tempestade a cegasse de tal forma que fosse difícil crer nisso. Ele sempre estivera ali e ela esperaria por Ele. Sempre.
Ouvindo: Only You. JJ Heller

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Caixa


Eu sou feliz no meu ridículo. Eu sei bem do que gosto e mais ainda do que não gosto. Não vivo de cara fechada, apesar de ter meus momentos rabugentos. Faço escândalo, sim. Fico quieta também. Varia em cada situação. O fato é que eu gosto de cada momento de uma forma diferente, talvez não a correta ou adequada, mas a minha forma. E só chego a uma conclusão sobre minha 'forma': me alegro com pouco. É bem isso, mesmo. Sabe quando compramos um presente extremamente complexo, divertido e caro e damos pra uma criança e ela brinca com a caixa? Eu sou a criança e os meus momentos (escolhidos a dedo) são minha caixa.
Me divirto bem mais pulando que nem uma idiota do que parada batendo o pé no compasso da música. Ver uma criança pequena fazendo cara de brava me faz rir, sempre. Gosto das piadas fáceis e ingênuas, nada muito complexo e adulto demais. Gosto de pessoas, por mais que algumas me irritem, gosto dessas também. Gosto de surpresas, apesar de nunca saber minha reação. Faço papel de boba, o tempo todo, e gosto disso. Dou risada quando não pode e isso me faz rir mais ainda. Me divirto fazendo as pessoas passarem vergonha, mesmo quando eu tenho que passar junto pra conseguir isso.
Talvez isso não faça sentido algum, eu falei que costumava fazer papel de boba. Me divirto com pouco. E sou tão, tão, tão feliz com isso!
'Pra que correr o risco de ser infeliz.' Strike

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Ausência, de tudo.


Talvez seja coincidência ou um fato real, mas sempre acreditei que os melhores textos eram aqueles que continham dor. Parecia tão mais aberto, tão mais sincero. Como se aquelas palavras jorrassem de tal forma que fosse impossível contê-las dentro de si. Como se a dor saísse em cada volta de letra, em cada acento de palavra, e ficasse ali. Somente ali e não mais pesasse o coração.
Passei meses da minha vida carregando a dor e, vez por outra, liberando-a no papel. Quando relia, eram tão carregados de dor e saudade que eu precisava me preparar a cada leitura para receber aquela enxurrada de antigos sentimentos.
Vivi dessa forma meio arrastada, como quem está feliz com sua própria dor, por um bom tempo. A dor não era mais uma visita inesperada, tinha feito morada dentro de mim, e eu alegava estar bem assim.
Hoje já não há mais dor, não há visitas inesperadas, não há nada. Antigamente eu gostava de falar do sentimento, hoje falo da ausência dele. Minha dor me tirou muito, mais do que eu acreditava possuir. Ela me tirou a paixão, aquele primeiro olhar, aqueles sorrisos discretos, aquelas palavras carregadas de emoção. Perdi grande parte de toda emoção dos meus dias em troca de horas e horas de esforço para me manter inteira.
Criei o amor racional demais, o amor lógico, o amor que sabe onde pisa. Não me surpreendi mais, me privei de muitos sentimentos pra isso. A alegria era razoável, a dor era razoável, a emoção era razoável, a surpresa inexistente.
Aí, quando eu olhei para os lados pela primeira vez, acreditando estar protegida o suficiente, não havia mais nada. Não havia meu passado e nem a dor que o acompanhava. Não havia mais sol, não havia uma mão sequer para me apoiar, não havia nem o amor lógico.
Me considero curada. Curada das feridas abertas por mim e por todo o resto, das noites de insônia sem motivo aparente, das dores de amor. Curada, enfim, daquele sofrimento que eu insistentemente traduzia em palavras.
Agora ando calculando o que me restou. Tentando adquirir sentimentos menos superficiais, mas (ainda) racionais. E, todo o resto, ou eu perdi ou ainda não encontrei.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Lugar


Não sei como é estar em casa, provavelmente ainda demore pra que eu descubra como é se sentir inteiramente aceito, inteiramente parte de um lugar. Eu passei toda a minha vida num lugar longe de casa, como peregrina tenho sobrevivido nesse lugar, mas não pertenço a ele. Se eu me sinto totalmente aceita aqui, eu esqueço meu verdadeiro lar. Se eu não me sinto aceita e parte disso tudo, eu desejo cada vez mais ir pra casa. É uma questão de decisão. Eu escolhi não me sentir aceita e sentir falta de casa, do meu verdadeiro lar. Por isso eu sobrevivo por aqui. Faço quase tudo que fazem aqui, me camuflo bem em algumas situações, mas em outras muitos percebem a diferença entre quem realmente é daqui e eu.
Na minha terra as pessoas não matam, não roubam, não sentem inveja. Elas não se preocupam com roupas, cabelos e status. Na minha casa tem ruas de ouro, onde as pessoas caminham livremente, todas se conhecem e adoram a um mesmo Deus. A minha casa parece irreal, mas me foi prometida. Eu? Aguardo ansiosa pelo dia em que, finalmente, eu vou voltar pro meu lugar.


'Mas, como está escrito: nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.' 1 Coríntios 2:9


'Envolvido por Sua glória
O que meu coração sentirá?
Eu dançarei para Você Jesus?
Ou em respeito a Você ficarei quieto?
Ficarei de pé em Sua presença?
Ou cairei de joelhos?'
Mercy Me

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Detalhes


Tem sentimentos novos 'entrando em campo'. Tem gente aparecendo, gente se destacando, gente ensinando e gente mudando. Essa é a ordem natural das coisas, é isso que tem acontecido. No entanto, apesar de todas essas mudanças e novidades, Deus continua sendo imutável.
Por isso, apesar de eu ainda não entender inteiramente meu presente e não fazer ideia do meu futuro, sei em Quem eu posso confiar. Confiança. Crer que tudo vai ficar bem e vai se encaixar, que meus sentimentos que valem a pena serão mantidos e os outros restaurados.
Ando meio incerta, talvez temerosa com essas mudanças bruscas, talvez insegura. Mas tenho lutado com todas as minhas forças (e as que eu não possuo também) para manter meu foco: Deus. Único foco, único amor íncondicional, único motivo pra viver, única razão para existir, único vício eterno.

'Não estou interessado neste ou naquele fenômeno, no espectro deste ou daquele elemento. Eu quero conhecer os pensamentos Dele, o resto são detalhes.' Albert Einstein
'Me ajude a entender os Seus caminhos, eu sei que eu quero aquilo que Você quer para mim hoje.' Jeremy Camp