Doença, morte, perda, brigas, solidão. Tudo isso ao mesmo tempo consumindo toda a energia que me restava. É, eu não estava bem fazia um tempo já, agora tudo desmoronou de vez. A segurança, as minhas convicções, minha confiança, tudo caiu e espatifou no chão. Não, eu não tenho mais nada pra dar, não tenho nem o suficiente para me manter em equilíbro. E é tão (tão!) complicado perceber que me falta confiança, que eu não consigo sequer agradecer a Deus por esse dia. Que depois de eu ter conseguido descansar tudo desaba novamente. A única coisa boa nisso tudo foi que eu descobri (finalmente) porque eu não consigo demonstrar meus sentimentos. E só o fato da descoberta foi bom, porque nem o motivo é. Eu não demonstro por medo. Deixa eu explicar direito: eu tenho medo de falar pras pessoas e elas se assustarem comigo ou deixarem de gostar de mim por eu precisar contar isso para alguém e causar desconforto na pessoa que ouvir. Eu tenho medo de me mostrar tão vulnerável e quando eu estiver extremamente exposta eu olhar para os lados e não encontrar ninguém.
Eu não consigo imaginar pessoas que se interessem por mim o suficiente a ponto de ouvir também as minhas tristezas, eu sempre fico pensando que eu tenho amigos de alegrias, porque na tristeza ou meus olhos estão turvos demais, ou as pessoas desaparecem. Eu sei que, apesar de ter amigos que sejam assim, eu tenho amigos que permanecem perto quando eu estou mal, mas eu preciso admitir: é grande o esforço que eu faço pra acreditar nisso, minha tendência é me sentir cada vez mais sozinha.
E é por isso que eu não demonstro meus sentimentos, não por frieza, mas pela triste ilusão de que ninguém se importa com eles.
'Alguma coisa me aconteceu e tudo parece fugir pra outro lugar. Estrelas tristes tentam me explicar e nada acontece, se dissipam todas pelo ar.' Rosa de Saron