quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Pra evoluir...

...esse é o início
Muita coisa mudou, esse ano virou de ponta cabeça e depois voltou e virou de novo. Em meio a tudo isso muito se perdeu e muito se ganhou. Eu perdi, perdi um número grande de amigos, perdi meu tempo, dediquei meu tempo a tarefas que não deviam ser prioridades. Me tornei o que eu queria. Me afastei de problemas pra mim, mas me afastei de tudo também, passava por tudo sem permitir que as pessoas chegassem até mim. Eu deixei de buscar amigos, me contentei com a superficialidade em que a maioria vive. Sim, foi um grande erro me deixar viver dessa forma por tanto tempo assim, mas me ajudou a deixar meu passado virar passado, me fez criar meu caráter. Foi minha chance de recomeçar, de poder olhar pra mim e gostar de quem eu via. Mas isso me custou muito, talvez minhas tentativas não tenham sido as mais acertadas, talvez meu método seja falho demais. Serviu pra me trazer onde eu estou hoje, mas custou meus sentimentos, minha forma de ver a vida, alguns amigos.
Carrego comigo marcas visíveis e invisíveis dessa mudança toda. A cada perda era um novo choro e, através da maior perda que tive, agora não há mais choro. Me aproximo das pessoas, mas raramente me aproximo demais, por motivos óbvios e ridículos, sabendo que as pessoas não são todas iguais. Amo, mas nunca demais, controlo meus sentimentos por medo de perder o controle e me magoar. Um pouco amargurada, ressentida, cautelosa e bastante magoada. Acho que mesmo tendo superado as situações eu ainda não consegui me permitir viver como alguém que se livra desses sofrimentos.
Ganhei, sim, ganhei amigos que foram essenciais pro meu amadurecimento. Ganhei amigos que não se prendiam a dramas, que procuravam sempre um lado bom, que me faziam rir. Amigos que me tiraram dos meus momentos ruins e me trouxeram uma visão diferente de quase tudo. E continuo ganhando, pouco a pouco tenho sido rodeada de pessoas que são extremamente importantes, talvez elas nem percebam, mas me fazem mais feliz, me ensinam a viver de novo.
Ganhei momentos pra lembrar que me fazem pensar que tudo valeu a pena, ganhei muito, mas nada foi uma troca. O que eu perdi não foi substituído, permaneceu vazio. O que eu ganhei, ganhou um espaço novo, me conheceu diferente, me tornou diferente, só encontrou pequenas fagulhas do que um dia eu fui.

Título do post retirado de: De eu pra mim. Faiver

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Recomendações Finais


-Seja mais flexível. As melhores decisões nem sempre são as suas;
-Permita que as pessoas conheçam você e façam parte da sua vida. Mesmo que isso implique em deixar a mostra falhas e dificuldades;
-Não chore por pouco, na verdade, evite chorar. Existem situações extremas e muito doloridas essas, sim, esperarão pelas suas lágrimas;
-Aprenda a dizer 'não'. Não, você não pode e não deve fazer tudo que aparece na frente;
-Organize sua agenda, comece pela prioridade nº1: tempo livre;
-Cuide da sua saúde mental e física, exija somente o necessário de você, não invente tantas coisas, seja mais pé-no-chão quando se trata do seu bem-estar;
-Divirta-se sempre que possível e sempre que não for possível também, ser feliz não é um estado, foi feito pra ser permanente;
-Tenha momentos tristes, mas não se permita afundar e nem desanimar tanto. É tempo perdido;
-Resolva os problemas assim que possível, converse, trate. Nunca deixe para depois;
-Respire fundo quantas vezes necessário, mas não perca a compostura. As palavras saem fácil, é difícil consertar, impossível retirá-las;
-Não se envolva por tão pouco, nem decida amar por tão pouco; não se feche pra isso também. Existe um meio termo, encontre-o;
-Não fique sentado esperando a vida passar e as coisas acontecerem, afinal, qual é a tua?
-Encha sua cabeça de coisas positivas: lembranças e conhecimentos. Ocupe bem sua 'caixa de recordações';
-Deixe as pessoas livres para irem e virem, não manipule, não jogue, não prenda. Os bons sempre vão permanecer, sempre!
-Aceite novas amizades, seja receptivo e aberto para quem gentilmente se aproximar. Têm muita gente por aí que vale muito, você só ganha com isso;
-Aceite críticas, aceite sugestões e aceite conselhos também. Deixe as pessoas participarem da sua vida;
-Aprenda que 'trabalho em grupo' é sempre melhor em todas as situações, una a sua criatividade com a dos outros;
-Estude, mas não viva para estudar. Para cada coisa, um tempo determinado;
-Mude-se, transforme-se, adapte-se. Mas não perco sua personalidade;
-Distribua abraços, sorrisos e elogios. O que é fácil pra você pode mudar o dia de alguém;
-Mostre às pessoas o quanto elas são especiais. Não porque você é legal fazendo isso, mas porque elas são especiais de verdade, seu trabalho é reconhecer.

E, mesmo com tudo isso, faça do jeito que for melhor. Aja de acordo com seus princípios. Divirta-se. Viva!

Feliz Ano Novo, pra todos vocês!

domingo, 19 de dezembro de 2010

Did You?


Quando Tu abriu os olhos pela primeira vez naquela noite, fazia ideia de que aquele primeiro sinal iria salvar a minha vida? Tu tinha consciência de que milhões de pessoas seriam salvas? Sabia que Tu seria o motivo da existência de todo o mundo durante todas as épocas? Fazia ideia de que eu estaria aqui, nesse exato momento, buscando palavras pra tentar transparecer o quanto eu sou grata por tudo que Tu fez por mim?
O sofrimento, a humilhação, a rejeição. Não faço ideia do quanto Tu sofreu, nem de quão vergonhoso tudo isso foi. E, mesmo sendo tão pouco frente a tudo que Tu passou, eu sou grata pelo amor que Tu demonstrou. Um amor que ultrapassa meu entendimento, que me constrange, mas, acima de tudo, um amor verdadeiro.
Tu deu tua vida por mim e por toda a humanidade. E mesmo se eu fosse a única pessoa no mundo, ainda assim Tu teria te entregado por mim. E é por isso, exatamente por isso, que a minha vida é Tua. Através do Teu sacrifício eu posso viver. E eu, através da minha vida, quero mostrar a Tua. Tu entregou Tua vida por mim e eu entrego a minha a Ti.

'O castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados.' Isaías 53:5b

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ele sabia o que dizia


Eu não me envergonho de corrigir meus erros e mudar as opiniões, porque não me envergonho de raciocinar e aprender.

Alexandre Herculano

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Aos meus olhos


Essa mania de dizer que perdemos as pessoas é errada demais aos meus olhos. As coisas nós perdemos, elas somem atrás do sofá e depois de tempos as vemos ali no mesmo lugar e declaramos encontrado o objeto antes perdido. As pessoas não, nós perdemos o contato ou a visão próxima delas, mas não as perdemos nunca. Contato já perdi com milhares, a visão então, é algo raro nos últimos tempos. Mas nunca cheguei a perde-los; afinal, se eu procurar direitinho, sei bem onde cada uma dessas pessoas está.
Eu não perco pessoas, elas que saem e ganham a vida, ou a morte. Eu, porém, as mantenho tão vivas quanto quando a convivência era muita e os olhares abundantes.
Não coleciono perda alguma de pessoas. Coleciono sorrisos de tempos antigos, conversas que marcaram, expressões insubstituíveis. Carrego tudo comigo, mesmo quando as pessoas acham que perdi.

Estreito


Um coração moldável que alcance um caráter aprovado é tudo que eu mais quero no momento. Talvez o caminho para as mudanças seja sempre o mais estreito e difícil de trilhar, talvez ele seja o menos escolhido. Mas esse meu jeito de guria, meio incompleta, meio 'em obras'; sabe que precisa de choque de realidade, de um pouco de críticas duras, de muita martelada, de alguns incentivos também. Esse meu coração e essa minha mente, que me provam todos os dias que não sou tudo o que posso ser, só me dão mais certeza de que tenho muito pela frente. Crescer e amadurecer, eis aqui a minha vida e tudo que ao redor dela, pode mudar tudo o que quiser. E se isso ainda for pouco, destrói e reconstrói da Tua maneira, até que perca a forma que eu dei pra essa vida que Te pertence.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Mas a tempestade me distrai...


...gosto dos pingos de chuva, dos relâmpagos e dos trovões." Renato Russo
A vida é assim, como a chuva ali fora no dia de hoje. Ora forte, levando o que vem pela frente; ora leve e quase imperceptível. A vida passa assim, uma hora ela grita sua existência e na outra ela passa sorrateira, vista apenas pelos olhares mais atentos.
Mas o que mais me faz gostar da chuva não é o friozinho que vem depois ou a intensidade com que ela chega e a forma repentina como se vai; mas é a simplicidade que só ela consegue alcançar depois da sua chegada. Não sei se vocês me entendem, mas é aquele cheirinho de terra molhada que me encanta. É essa a verdadeira simplicidade. Aquela que afeta todos os lugares por onde a chuva passa e, sem forçar nada, simplesmente deixa um dos melhores cheiros que já conheci. Um aroma que acompanho desde criança e que, cada vez mais, anseio por senti-lo. É uma das poucas coisas que me restaram simples, sem alterações. E, afinal, essa é a vida, né? A gente é que complica.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

É.


Depois que a dor amenizar, a poeira baixar e as pessoas aceitarem a situação. Aí sim, ficará apenas a saudade. Como dói perder, em qualquer sentido. Mas quando se trata de pessoas, parece que triplica, rasga por dentro.
Parei pra pensar em tanta coisa nas últimas horas que nem sei como minha mente conseguiu armazenar tantas informações em tão pouco tempo.
Passamos os últimos meses dizendo pra Deus: "nós queremos que Tu traga cura, mas fazes o que Tu achares melhor e nos ensina a aceitar". E aí, quando realmente não aconteceu o que nós esperávamos, doeu muito. Parecia injusto, contrário ao que deveria ter acontecido. Mas nós não tínhamos pedido pra Deus fazer a vontade dele? A curto prazo a dor é forte, mas a longo prazo isso tudo pode fazer uma grande diferença.
Qual o propósito de tudo isso? Por que tanta dor? Eu não sei. Só sei que Deus nos pede para confiarmos nele. A confiança é assim: não se sabe bem o porque, mas se joga de olhos fechados no amor de Deus.
Nos resta sentir uma dor que aos poucos vai diminuindo, ver a saudade se alojar no dia-a-dia, e nos momentos de falta. Mas nos resta com certeza a esperança de que um dia 'juntos, todos viveremos' em 'novos céus e nova terra'. Essa foi a promessa de Deus, uma promessa que não falha com toda certeza. Porque apesar de tudo que acontece e através de toda a dor que sentimos, Ele continua sendo um Pai de amor; e Ele é bom.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Estar Pronto


Acho que a gente se prende muito nessa coisa de encontrar a pessoa certa. A pessoa tem que ser adequada, deve ter o mínimo de defeitos possíveis, tem que ser assim ou assado, precisa falar as palavras certas na hora certa, precisa ser legal com todos sempre. Essas e mais tantas exigências, variando entre prioridades e futilidades. Mas deixamos de lado quem nós somos. Nós devemos ser a pessoa certa, não importa para quem. Devemos ser sempre o melhor que pudermos ser, nunca o razoável ou o aceitável; mas o melhor. Os outros nós não temos o poder nem o direito de mudar, mas a nós, nós temos total liberdade para modificar, melhorar, amadurecer.
A questão aqui não é o que o outro precisa mudar, mas o que nós devemos. É uma auto-avaliação. Nós devemos tornar-nos a pessoa certa, primeiro para agradar a Deus, e depois para nós e quem nos cerca.
E aí, quem sabe, com esse pensamento multiplicado, não seja tão difícil encontrar a pessoa certa ou ser a pessoa certa. É a famosa história dos quatro dedos que apontam para nós mesmos quando apontamos o indicador aos outros.

domingo, 31 de outubro de 2010

Nós somos loucos, e somos muitos



Nós somos loucos pra quem convive conosco, vivemos conforme os pensamentos de Alguém invisível, falamos o tempo todo com "o nada", lemos diariamente um livro escrito a milhares de anos atrás, acreditamos em milagres, dizemos 'não' para o "normal".
É, nós somos loucos, fazemos tudo isso. Nos chamem de fanáticos, burros. Digam que desperdiçamos nossas vidas, que somos inconsequentes. Nós servimos a um Deus, pedimos tudo pra Ele, vamos contra a multidão, fugimos dessa loucura da juventude de hoje, corremos do que a maioria julga ser normal.
Nós somos loucos por Deus, que nos ama incondicionalmente. Nós buscamos a vontade de Deus, que é a melhor sempre. Nós falamos com Deus o tempo todo, e Ele nos ouve. Nós vivemos como lunáticos, como pessoas diferentes da maioria, mais felizes que a maioria, com motivos pra sempre sorrir, sem medo do futuro ou do presente, com a felicidade única que encontramos em Deus.
A procura de todo mundo são, geralmente, três coisas: felicidade, ser diferente da maioria e fazer alguma diferença no meio em que se vive. Sabe a única forma de conseguir alcançar esses três alvos? Ter uma vida dentro da vontade de Deus. A tendência não é ser diferente? Nós, com toda certeza, somos.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Those will be the best memories


Já faz quase um ano, vocês notaram? Eu comemorei a virada do ano e de repente estou em outubro, sem vocês. E, apesar de ter acostumado com a rotina, não é mais a mesma coisa. Sinto falta de vocês mais até do que conseguia imaginar. Resolvi ver velhas fotos, os vídeos que nós fazíamos. Nos encontrei tão diferentes que foi difícil de aceitar, em um pulo tudo mudou e eu nem vi. Cada um está no seu caminho, fazendo faculdade, trabalhando, tendo novos amigos, não sei se sobra tempo pra quem nós fomos um dia, acho que a vida meio que cobriu o que nós costumávamos ser. De um lado isso fez total diferença, amadureceu nossas mentes, fortaleceu. De outro lado nós perdemos grande parte de tudo que construímos em anos, nós éramos uma família e isso, de alguma forma, se perdeu em meio a tantas mudanças e exigências.
Não dá pra parar, nem voltar, nem nada. Eu raramente relembro, como se pudesse sufocar com a lembrança e a saudade apertada. Resolvi deixar tudo em um canto, sem mexer. E talvez essa tenha sido minha pior decisão, porque estou aos poucos matando o que me resta de lembranças.
Quando resolvi dar uma voltadinha ao passado entendi que não existe essa coisa de apagar tudo, esquecer, tocar a vida. Existe a saudade, muitas vezes camuflada, mas existe. E, mais uma vez, preciso deixar vocês irem novamente. É isso: vão, mas não esqueçam de quem nós um dia fomos, a saudade não vai permitir.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Pra fora


Fazia um tempão que eu não chorava daquela forma. Chorei de desaprovação, de dor, de desespero, de raiva, de amor demais, de amor de menos. Chorei muito e pausadamente. A cada cinco passos era uma necessidade de sentar e chorar, só chorar.
É aquela coisa, as pessoas acham que chorar não é bom, não faz bem, mas acalmou meu desespero, me fez pensar. Nao guardei a dor, não poupei nada, nem um soluço sequer. Chorei querendo colocar tudo pra fora, porque fazia tempo que muita coisa estava guardada. Chorei por coisas perdidas, por palavras duras, por não me darem ouvidos.
E depois, mesmo com olhos pequenos e olheiras profundas, me senti aliviada. Foi somente ali, com os ombros pra baixo, os cabelos escondendo meu rosto e as lágrimas caindo no chão, que eu consegui finalmente colocar tudo no seu devido lugar. Entendi que a culpa não era minha, que eu só podia aconselhar mas nunca decidir pelas pessoas. Decidi largar tudo com Deus, de novo e de novo.
Uma sensação de paz me inundou, aquela paz que excede todo entendimento e que estava batendo na minha porta. Embora as olheiras ainda não tenham desaparecido, nem eu tenha visto tudo ser resolvido em todas as situações, uma coisa eu sei ao certo: aquela paz não vai embora.

sábado, 25 de setembro de 2010

Sem farsas: a transparência


Ando acompanhando de perto a vida de duas meninas e, agora, de uma terceira também. Tenho aprendido muito sobre como esse tipo de relacionamento deve ser e como através dele nós podemos agradar a Deus e buscar santidade. Transparência pra mim é a palavra-chave nisso. Enquanto eu estou ali acompanhando e crescendo com elas, eu estou treinando a minha transparência e, consequentemente, esperando que elas a exercitem também. É difícil ser transparente, nós acostumamos a fingir que o que precisamos mudar simplesmente é coisa pouca e que logo tudo se ajeita. Nós usamos máscaras e, antes que isso pareça total hipocrisia, nós as usamos pra tentar camuflar um pouco a nossa total dependência de Deus, nós gostamos de fingir que nos bastamos.
Discipulado. Não estou procurando meninas perfeitas, mas meninas com vontade de ser mais semelhantes a Deus, meninas que não andam a cinco palmos do chão, mas que desejam de todo coração andar no caminho que Deus tem pra elas. Discipulado é isso: é vida na vida. E quando digo vida, é porque não estou procurando a farsa de uma, mas é aquela vida cheia de falhas que Deus, com todo o amor dele, muda, molda, transforma. Até que tudo esteja de acordo com os planos dele. Aí, como na história da espada, Ele nos usa um pouco e logo nos coloca novamente no fogo, martela, afia. Porque o importante mesmo nunca vai ser o resultado final, mas o processo que passamos para chegarmos onde Deus quer.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Dessa Vez


Esse ano está passando rápido, nem vi o tempo passar. Não consegui acompanhar a passagem dos dias, só deixei eles correrem ligeiros por mim. O verão deu lugar a um outono onde não vi folhas secarem, embora, despercebidamente, as tivesse como tapete para a sola dos sapatos. O inverno chegou tão rápido e com muita intensidade, não fosse o frio rigoroso atingindo meu rosto, não teria notado o céu cinzento ou as chuvas congelantes na vidraça das janelas.
Passei tempo demais envolta em "não-prioridades" e obrigações que vinham com urgência. Deixei meu primeiro semestre sem notar que os meses haviam passado. Janeiro, fevereiro, abril, julho. Os meses saltitavam pelas páginas do meu calendário. Ontem março, hoje setembro. Logo a primavera vai tomar conta dos meus dias, já notei as árvores floridas através da minha janela, vi um pássaro mergulhar por entre as folhas de uma densa árvore que anuncia a chegada das flores, dos frutos, da presença do sol e do verde nessa selva de pedra em que nos obrigamos a viver.
Dessa vez notei as cores, as formas, a mudança no ar. E dessa vez olhei pro meu calendário, já tão surrado de tanto folhear, e apreciei a passagem de um dia, com calma e sem hora marcada. O tempo passar e levar os dias consigo é inevitável, mas deixar-se preso num calendário que não para de mudar é opcional. Decidi ver os dias passarem, num compasso mais lento, alegre e vibrante, a cara da estação que está por vir e, dessa vez, vou notar quando ela chegar.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Tempo, tempo, tempo...


...AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
Estou me sentindo extremamente cansada. No presente momento, estou abrindo mão de alguns minutos de sono pra escrever aqui, porque não tenho outro horário no qual eu consiga escrever.
Tem muitas coisas muito legais acontecendo na minha vida, mas eu mal consigo assimilar essa felicidade que eu estou sentindo, porque o relógio me puxa pra realidade e eu me encontro atrasada e perdida no meio de tantos tic-tac's ininterruptos.
Tenho cinco livros pra ler, quatro ensaios por semana (às vezes, três, mas sempre dois), aulas pra comparecer, um curso pra ir, um emprego pra me dedicar, pessoas que dependem de mim, uma família que eu mal consigo ver, amigos que vão ficando pra depois, horas de sono que vão sendo adiadas pra nunca serem recuperadas. E tenho pouca idade e muitas responsabilidades. E é isso que mais me frustra, saber que eu não tenho que carregar todo esse peso, não agora e nunca dessa forma.
Eu acabo fazendo tudo meia-boca, tiro o atraso das minhas leituras no ônibus, entre um lugar e outro. Estou sempre com a cabeça na próxima coisa a ser feita e nunca na que estou fazendo na hora. Vou deixando pra depois o que eu gostava de fazer, vou fazendo tudo por obrigação, ou quase tudo. Me faltam meus momentos de ficar em silêncio, de colocar minha vida na minha frente e visualizar ela num geral.
Tem coisas muito importantes que eu fico deixando pra depois e negando também, só porque precisaria despender mais tempo, coisa que eu não tenho. Tem situações que eu preciso pensar em como vou agir, mas não consigo nem encará-las porque elas estão fora da minha rotina estressante.
A única coisa que eu realmente sei agora é que alguma coisa vai ter que ser jogada pro alto. E eu até já sei o que vai ser. Só não sei como que eu vou comunicar isso.

domingo, 15 de agosto de 2010

(Amazing) Grace!


Ando lendo um livro que me faz querer chorar página sim e outra também. Graça. É o assunto que o livro inteiro aborda e o assunto que tudo ao meu redor tem abordado. Como humana tem sido difícil aceitar a graça, vinda de qualquer parte, até mesmo vinda de mim. Porque minha humanidade grita por justiça, quando até eu só sou livre porque vivo debaixo da graça de Deus. A graça não é justa. Ela é amor, é divina, é difícil de ser praticada e impossível de ser vivida à risca. Mas a graça é o que nos absolve de erros imperdoáveis, é o que nos liberta do pecado e da morte que merecíamos. A graça evita brigas, mas pede perdão e o estende mesmo sem ter sido pedido. Ela não questiona arrependimentos, não busca vingança, esquece no momento que estende o perdão. E a graça é de graça. Nós recebemos a graça gratuitamente, porque houve um Deus que era o único que a possuía, e foi ele quem pagou o preço por ela.
Eu posso dizer o que é graça, é uma igreja em uníssono se levantando para perdoar um irmão. É a liberdade em que podemos viver, porque fomos libertos dos nossos passados e nossas transgressões foram esquecidas. É amar os outros não pelo que eles fazem ou deixam de fazer, mas por quem eles são: filhos amados de um Pai que estende seu perdão a todos.

"Graça significa que não há nada que possamos fazer para Deus nos amar mais. E a graça significa que não há nada que possamos fazer para Deus nos amar menos.' P. Yancey

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

TGIF


Nesses dias turbulentos, todos esperamos por um momento em especial: a sexta-feira à noite. É essa hora que aguardamos ansiosamente durante toda nossa semana, é um grito de liberdade com hora marcada e sempre com um mesmo tom de alívio na voz. Sexta-feira é a nossa vez, é onde nós decidimos o que fazer ou como agir, é o início do fim-de-semana ou seria 'melhores dias da semana'? Nós decidimos o que acontece dali pra frente, nada de trabalho, faculdade, escola, nada. Nós fazemos o que queríamos e não sobrou tempo durante a semana, nós dormimos o que nos privamos pra chegar na hora certa dos milhares de compromissos, nós podemos criticar o que está errado sem nos preocuparmos com o que o chefe irá pensar, podemos até ficar sem fazer algumas coisinhas porque somos nós quem decidimos o que é necessário ou não. Nada de horários a serem cumpridos, só horários marcados com a diversão.
Hoje é sexta-feira e, logo, chegará a noite. Pensem bem o que vocês farão com os 'melhores dias da semana', aproveitem ao máximo, divirtam-se, convivam com quem vocês amam, descansem, façam nada e acabem com os horários. É sexta-feira, vocês decidem.

Pra quem não sabe TGIF é Thank God it's Friday, expressão utilizada nos Estados Unidos pra agradecer nossa querida sexta-feira.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Vontade


Vontade de sair pela porta e voltar quando der 'na telha', de ousar criticar os erros dos meus superiores, de ensinar humanidade pra algumas pessoas, de voltar a ter coca-cola pura nas minhas veias, de fazer só o que eu gostava, de dormir super tarde por ter ficado acordada fazendo nada, de acordar super tarde e almoçar de pijama, de abraçar aqueles amigos que eu perdi no tempo, de ter aquelas conversas idiotas sobre amputar braços de criancinhas pra ver se cresciam de novo. É, era tudo bem mais fácil, divertido e até idiota. E eu gostava tanto! Vontade de conseguir ir atrás dos meus amigos, de ter tempo pra fazer isso. Vontade de ouvir músicas e me identificar com elas, nem que seja com uma frase de uma música inteira. Vontade de colocar uma roupa pra ficar em casa e poder ficar em casa. De não ter tantas obrigações, de somente me obrigar a ser feliz e saber que isso não é obrigação, é algo que eu faço com o maior prazer. Vontade de tudo que eu perdi, não dei valor, não aproveitei, reclamei, larguei de mão, desisti, despedacei, que me fazia bem e que hoje me faz tanta, mas tanta falta! Vontade de mim, porque eu formava o elo que ligava tudo isso, vontade de poder ser mais eu, sem profissionalismo ou correria.

domingo, 8 de agosto de 2010

O meu caminho


Nem sempre escolher entre duas situações quer dizer que uma é errada e outra é certa. As duas podem ser certas, só que cada uma desemboca em um caminho diferente, cabe apenas decidir qual é a melhor. Exatamente isso, não é questão de qual é a certa, mas de qual é a melhor nesse momento. E eu sei qual é a melhor agora. Essa história de dizer que jovens não sabem de nada não é verdade, pelo menos não completamente. Porque quando se tem um Deus que te mostra a vontade dele e revela nitidamente onde Ele te quer, não é preciso ser uma pessoa velha, mas uma pessoa que tem ouvidos atentos e um coração disposto à mudanças.
'Bah, não fica esperando que as pessoas soltem foguetes por um chamado que é pra tua vida. Nem sempre as pessoas vão sentir o mesmo que tu, porque é pra tua vida e é tu quem tem que saber isso.' Foram as palavras de uma amiga sobre toda a minha situação. É que as vezes eu espero que as pessoas vibrem da mesma forma que eu com algo que elas não conseguem compreender por inteiro. Eu espero que elas sintam o que eu sinto, mas isso não acontece, por motivos óbvios: elas não são eu. E eu sei exatamente o que eu sinto e o porquê de eu ter feito a minha escolha entre dois caminhos opostos. E é dessa forma, sem foguetes, sem ninguém acariciando minha cabeça e dizendo 'muito bem' que eu tomei minha decisão: não estarei morando em casa ano que vem. Isso mesmo. E pra todo mundo isso pode ser loucura, mas eu estou indo. Mesmo que, nesse momento, eu esteja tendo que erguer minhas malas sem toda a ajuda que eu esperava.

domingo, 1 de agosto de 2010

Por Enquanto


Ontem no meio de várias conversas cruzadas ouvi uma frase que me fez parar e, cuidadosamente, revidar. Um amigo estava falando que não queria mais saber dessa história de namorar, ou de amor. Talvez fosse brincadeira, mas parecia ter seu fundo de verdade.
E, bom, essa mentalidade vai continuar, até... Até ele finalmente encontrar a melhor. Aquela menina que foi feita sob medida pro coração dele, a mais legal do mundo na sua percepção, que seja literalmente um encaixe da vida dele. Alguém que o faça mudar de ideia, que faça ele se sentir sem um pedaço, que ele acredita ter no momento.
Por enquanto ele continua assim, com as mesmas ideias, a mesma brincadeira um pouco verdadeira demais, talvez. Mas, logo logo, isso muda. Certeza.
E por falar nesse amigo, essa imagem é a cara dele (:

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Filosofia Barata, mesmo.


Vamos falar sobre 'não amor'. Isso mesmo, a ausência da melosidade, do carinho, dos abraços, do afeto, da devoção, da necessidade de outras pessoas. É, não vai rolar, já estou falando de amor ao invés do oposto.
Mas agora, falando mais sério. Tem dias que eu fico meio revoltada com esse 'love is in the air' permanente da raça humana, me indigno com as coisas bonitinhas, com a minha própria menção de falar algo do gênero e tudo mais. Não sei porque e nem pretendo saber.
Mas aí comecei a pensar no amor em proporções maiores e comecei a parar com a minha revolução contra ele. Pensem o seguinte (eu sei que é meio exagerado, mas faz sentido num geral) se não houvesse amor, de nenhuma forma, não existiria nada do que estamos acostumados. Os exemplos pra isso deixo à gosto de cada um, só achei algo com uma dimensão muito grande. Então, yes, viva o amor, não importa qual.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Amigo?


Um amigo meu (amigo mesmo) terminou com o meu dia hoje, no sentido bom da frase, porque tem um. Me fez pensar sobre o significado de amizade, talvez um significado que eu estivesse deixando se perder no meio de tantas palavras soltas. E amizade não pode ser uma palavra que se perde assim, de graça. Se for perdida precisa ser recuperada, e logo.
'Amar e defender' foi o que meu amigo me falou. Duas ações praticadas numa amizade. Foram palavras fortes, o suficiente para me fazerem repensar meus conceitos. Primeiro: é difícil falar 'eu te amo', por isso deixo apenas pra me esforçar pra falar isso quando é real. Segundo: defender é dar a cara à tapa, estar do lado quando a pessoa estiver fraca, sofrer junto e não só lutar e ter vitórias. Ou seja, eu só amo e defendo algumas pessoas. Porque amizade é algo necessariamente recíproco. É um relacionamento onde ambos os lados se esforçam para mantê-la, onde criticar faz parte tanto quanto elogiar, onde sinceridade e cumplicidade são essenciais.
Ainda assim, com todas essas verdades, tenho o privilégio de ter vários amigos. Não tantos quanto o orkut tem por limite, nem tantos quanto minha agenda no celular cabe ou meu msn é capaz de suportar. Mas o suficiente pra me sustentar, puxar minha orelha, reclamar das minhas atitudes, elogiar minhas habilidades, me incentivar, caminhar lado a lado. E caminhar lado a lado não é pra todo mundo, são para os amigos.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Just change it...


...cause you want it.
'Ser feliz. Viver bem consigo mesmo, transmitir isso ao se relacionar com os outros. Parar de esperar por um futuro que pode ser vivido no presente, não deixar tudo pra depois. Ser uma pessoa confiável, se achar confiável. Guardar segredos dos outros, procurar não ter tantos segredos assim. Ser mais aberto, mais expressivo. Ter menos medo de se mostrar, menos frases feitas, menos motivos pra brigar ou ficar irritado. Viver com saúde, calma, em paz com tudo. Ser menos estressado, descansar sempre que possível, aproveitar oportunidades únicas.Rir sempre, até da própria desgraça. Saber que promessas de 'pra sempre', na maioria das vezes, são meras ilusões. Não se desesperar tanto, não dramatizar tanto, não chorar tanto. Fazer piadas toscas e rir durante dias ao lembrá-las. Levar a sério somente o necessário. Cuidar de quem se ama. Não se prender a coisas pequenas e ruins. Usar uma lente de aumento definitiva ao olhar para momentos bons. Ler bons livros, ouvir músicas de todos os tipos. Viver um pouco na fantasia, mas não tanto a ponto de se perder. Ser alguém que você mesmo admire. Parar de viver para os outros, mas viver sem culpas. Correr atrás de felicidade eterna. Ser mais sincera com seus próprios sentimentos. Fazer algo de bom pelas pessoas que precisam dessas atitudes. Se contentar com coisas mais simples. Não aceitar seus defeitos, mas mudá-los. Se aproximar sempre mais de Deus.'
A lista de fim-de-ano crescia a cada ano que passava. Algumas das coisas que ela citava até aconteciam, mas a maioria das vezes eram finitas. Ela se esquecia com frequência do que precisava ser feito para viver melhor e com mais qualidade. Sabia também que seu desejo era a perfeição se parasse para ler tudo o que havia escrito. Mas esse ano ela mudara o foco. Ela não iria mais aumentar a lista, iria riscar dela o que se concretizava. Esse era o único desejo para aquele ano e ela iria conseguir.

No mapa do meu nada


Tô aqui sentada sem saber o que pensar ou falar, fazem uns bons minutos. Não sei se eu choro, se falo alguma coisa, se coloco uma música que me faça extravasar ou se fico em silêncio. Na dúvida eu não faço nada, nem pensar eu penso, porque até isso causa alvoroço (interno, no entanto). Eu tô aqui esperando um lampejo de sabedoria, uma luz vindo sobre a minha cabeça como se fosse algo mágico. É isso, eu estou esperando por uma mágica que não acontece. Eu me olho de cima e me acho ridícula nesse papel, querendo um mundo melhor onde nem eu me encaixaria com essa minha imperfeição. Mas querer nunca foi poder. Nunca vai ser. E quando é, as pessoas (geralmente, quase sempre) escolhem errado. Não tem muito mais o que falar, tem coisas que são uma droga e eu, sozinha, não sou ninguém pra conseguir mudar. Por isso eu tô aqui, simplesmente isso. Tô sem saber o que fazer, pensar, agir. E, na real, nem quero. Só quero ficar aqui um pouquinho mais, tô com preguiça de decidir alguma coisa.
p.s.: Cássia Eller anda me admirando ultimamente, encontrei o nome pra esse post em uma música dela, talvez não diga nada com nada e nem faça sentido, mas ao menos é bonito.

domingo, 11 de julho de 2010

Entre nossos mundos


Proteção de pai, ciúmes de irmão, amor de algo acima de mero amigo e abaixo de um amor fraternal. Um amor difícil de explicar, mas impossível de não se sentir. Eles não eram e nunca foram perfeitos um para o outro, não havia absolutamente nada de conto-de-fadas na realidade que englobava-os. Eles eram totalmente opostos visivelmente e iguais em detalhes que só eles sabiam. A teimosia caracterizava ambos, o caráter forte, a opinião própria. Eram esses detalhes que os afastavam, sim, a semelhança os afastava. Afinal, a relação que eles tinham era algo que pessoas normais não entendiam, só eles.
Eles conseguiam manter sua palavra um com o outro, viver relativamente bem sem o outro, tudo pra mostrar que ao menos sua teimosia era verdadeira. E eles precisavam de algo verdadeiro em que se agarrar, mesmo que significasse mais uma das milhões de despedidas entre eles.
E no fundo eles sabiam que apesar das discussões, birras e desentendimentos, o que eles mais queriam era que isso passasse logo pra voltarem a se falar. A cada conversa eles se descobriam mais, conheciam partes ocultas de suas mentes e sentimentos encravados em cada coração. Era como se ele fosse o espelho da alma dela, e vice-versa.
E, era sim, uma maneira torta, meio assustadora para quem passava próximo, mas era importante para eles.
E, embora eles não se falassem há tempos, ela se lembrava constantemente dele, e ele, dela. Não era um amor daqueles de 'felizes para sempre', nem de casais, nem de família, nem de nada conhecido e tachado pelos outros. Era algo deles e não tinha rótulos.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

'Mera lembrança da esperança...


...de te ver voltar de novo.'
- Conversa comigo? Conversa comigo só um pouco, o suficiente pra que eu consiga dormir por um tempo. Conversa comigo só pra tentar dividir um pouco tudo isso?
Não existe drama algum nisso, o fato é que muitas pessoas vêm e vão. A maioria, ultimamente, tem ido, eu sei. Mas ainda assim, é a vida, são os planos de Deus, é o que deve acontecer. O que sobra não é dor, é saudade. Cada pessoa que permanece em, nossas vidas, nem que por uma pequena parcela de tempo, deixa um pouco de si. Um vestígio eterno, que não se apaga nem diminui. A saudade é constante, ela só vai deixando de ser tão intensa, mas nunca morre. E pra essa saudade, distância, partida e espera, não precisamos fazer drama algum. Porque, como diz uma amiga minha, eu tenho toda a eternidade pra reencontrar essas pessoas.
Mas enquanto a saudade ainda me castiga com fisgadas fortes e, vez por outra, algumas lágrimas, conversa comigo? Me fala sobre a vida, sobre o tempo, sobre sonhos impossíveis. Distrai minha mente só por um instante, até que tudo isso se acomode? Conversa comigo?

domingo, 4 de julho de 2010

Here


Tá vendo essa lágrima? É, essa mesmo, que cai do meu olho. Eu já senti esse mesmo gosto amargo inúmeras vezes. A dor da partida.
Tô cansada. Cansei disso, das pessoas que eu amo indo viajar me deixando com um buraco super legal no peito. Eu sei que é total egoísmo meu, mas queria tanto que cada uma voltasse agora. Chega dessa história de Estados Unidos, Alemanha, São Paulo, Belo Horizonte. Chega disso, quero todo mundo aqui e quero agora. Quero o abraço de vocês sendo algo possível nesse momento, as risadas, o tempo investido em ambas as vidas, o sorriso de vocês presente, a lembrança recente, as fotos renovadas. Eu quero tanto vocês perto, tão pertinho de mim que seja difícil me fazer desgrudar. Eu amo tanto vocês! E meu egoísmo me faz pensar que essa distância é injusta, que essa saudade não cabe só em mim. Por isso eis o que tenho feito: espirrado em todos à minha volta a saudade que me aflige.
E o que isso muda mesmo? Ah é, nada.

sábado, 3 de julho de 2010

Me deem licença


Talvez esse seja o grande motivo, ando ocupada demais sendo feliz. Deixei meus problemas num lugar exclusivo e bem delimitado e fui. Me permiti ser feliz, cansei de ser aquela que se preocupava sempre com todos os problemas. Parei pra refletir: será que os problemas são tão grandes a ponto de me sobrecarregarem somente ao pensar neles? Não, era eu quem os tornava enormes. Dei um tchau pros problemas, pras preocupações, irritações. Disse um adeus pra isso e corri pra felicidade que estava ali comigo o tempo todo. Usei uma lupa pra aumentar a felicidade, tornei os compromissos mais divertidos, permiti-me viver a felicidade pra qual eu fui criada. Porque ninguém (eu disse ninguém) foi criado pra ser triste, pra chorar o tempo todo, se preocupar demais, ser sufocado pelo trabalho ou viver sempre frustrado. Existe uma felicidade ali, ali do lado, bem próxima a cada um de nós. Uma felicidade que dura pra sempre, com luzes piscando pra chamar a atenção. Existe um Deus que quer nos ver sorrir e nos dá todos os motivos pra isso. Do nosso lado temos duas opções claras: os problemas ou uma felicidade eterna e gratuita. A escolha, olhando assim, é estupidamente fácil, mas tem gente que escolhe errado. Eu já fiz a minha escolha e dentro dessa felicidade eu encontro sabedoria necessária pra resolver os problemas. Agora falta o resto de nós escolher. Mas enquanto vocês escolhem, me deem licença, vou ali ser feliz e já volto.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A tão sonhada...


...liberdade.
Ser livre não é algo para ser definido, mas para ser vivido. Ser livre não é estar no alto de uma montanha, abrir os braços e sentir o vento no rosto. Não. Liberdade é mais do que um lugar ou sentimento. Ser livre é razão e não emoção. Porque quando se está cansado, atolado de trabalhos e as dúvidas vêm como flechas de todos os lados, você pode continuar sendo livre.
Ser livre não é poder ir pra festas ou não estar na cadeia, isso são apenas lugares e permissões, não liberdade. Liberdade é poder optar, não ser prisioneiro de uma vontade ou de necessidades, é poder viver muito bem sem os padrões impostos pela sociedade em que vivemos. Liberdade vai além da mente limitada que temos, não é uma sensação de momento, não é um ato de rebeldia, é ter sua opinião formada apesar das controvérsias de outras pessoas, é ter problemas e não se deixar sufocar por eles. Ser livre é uma forma de vida.
Triste mesmo é quem acha que é livre, mas segue a moda à risca, precisa sempre de alguém do lado para ser feliz, não consegue expor suas opiniões por medo das reações dos outros. Triste é quem se anula pra fazer a vontade de outros, quem acha que é livre mas vive como marionete do mundo. Quem tem uma voz e a emudece, tem olhos mas os venda para não precisar bater de frente com as injustiças, tem uma opinião mas a omite. Triste é quem poderia fazer diferença, nem que fosse apenas no mundo que o cerca, mas vende sua liberdade em troca de aceitação.
A liberdade não pode ser contida dentro de uma redoma de vidro. Triste é quem não sabe disso e perde a tão sonhada liberdade. Perde a sua voz única, anula sua chance de contribuir para o mundo em que vive. Morre. Porque quem não se faz ouvir, não faz diferença nenhuma.
'Eles estão me dizendo que é bonito, eu acredito neles. Mas será que um dia vou conhecer o mundo por trás da minha parede?' Tokio Hotel

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Toda dor do mundo seria pouco se eu ainda tivesse você.


Lágrimas tímidas rolavam pela sua face, faziam oito meses e a dor ainda era a mesma. Ela tinha as cicatrizes daquele dia, visíveis e invisíveis. Enquanto se agarrava firmemente à grade do lugar onde tudo ocorrera seus olhos embaçavam com a enxurrada de lágrimas e suas pernas fraquejavam obrigando-a a ceder e se aninhar junto ao solo.
Oito meses deitada em uma cama de hospital, a maior parte deles vegetando. Meses para se recuperar de um acidente. O corpo dela havia mudado, havia cicatrizes por toda parte, os olhos eram fundos e escuros, mas ela estava viva. Na época ela estava noiva. Ela e o noivo estavam voltando de uma visita os pais dela quando um motorista bêbado perdeu o controle do carro e os atingiu. O carro capotou inúmeras vezes, os dois foram jogados para fora do carro brutalmente. Ela sobreviveu, ele não.
As feridas abertas durante o acidente eram extremamente superficiais se comparadas à dor de tê-lo perdido. Não havia corte profundo demais que se igualasse ao buraco aberto no coração dela com a morte da pessoa que ela mais amava. Morte, a morte era um vazio, uma falta inenarrável, uma perda irrecuperável, uma dor. Uma dor que só ela sentia.
Faziam oito meses, a dor era excruciante, a vida parara há tempos. Ela poderia ter suportado todos os cortes e ferimentos do mundo. Poderia até viver sem um braço, uma perna ou até com a dor constante de uma ferida em aberto, mas aquela dor, aquele 'nada' que havia restado de sua maior alegria, aquilo era a mais pura covardia com ela. A única coisa que ela conseguia era se agarrar àquela grade, dia após dia, na esperança de ele voltar e abraçá-la. Ela não acreditava que ele podia ouvi-la, embora tivesse largado um bilhete, próximo ao seu túmulo. Esse bilhete era, para ela, a ligação que ainda havia entre eles. Ela precisava ao menos fingir que ele estava ali do lado e que conseguia entender sua dor através de palavras:
'Meu amor, hoje eu sei que suportaria todas as dores físicas do mundo, pois a que eu convivo me curva diariamente, tamanha é a sua intensidade. Hoje eu sei que dor nenhuma se compara a de ter perdido meu coração em um acidente, ele estava preso à você.'

terça-feira, 15 de junho de 2010

Barulho


A noite estava fria, mas ela realmente não se importava. Ela precisava respirar e, para ela em particular, isso significava caminhar. Caminhar para o mais longe possível, como se a noite nunca terminasse e a realidade ficasse para trás. Uma quadra, duas... Faziam horas que ela estava caminhando, mas não tinha cansaço que a fizesse parar. A noite ficava cada vez mais gélida. Os termômetros nas ruas marcavam abaixo de 10º e tudo que ela usava era uma camiseta vermelha com os dizeres 'be stupid', extremamente adequados para o momento.
Ela havia passado por três semanas árduas de provas na faculdade, situações delicadas no trabalho e mais ainda em casa. E, apesar de todos esses fatos quase-heroicos, ela continuava se sentindo extremamente sozinha. Não havia barulho algum que amenizasse o silêncio que se alojara em seu coração. Era isso que ela estava fazendo, seguindo os dizeres de sua camiseta, sendo idiota e tentando, com esse ato impensado, encontrar um barulho que arrancasse aquela solidão de dentro dela. Mais algumas quadras percorridas, ela agora estava em meio a multidão, no centro da tumultuada cidade em que vivia. Feliz ou infelizmente não havia rostos conhecidos. Foi quando os olhos dela cruzaram com os dele. E ela se desnorteou ou, finalmente, encontrou o norte. Era um misto de querer correr e trocar de camiseta, arrumar o cabelo e encontrar forças pra sorrir, com um misto de felicidade e paz que a inundavam. Dentro da sua cabeça tambores soavam ritmadamente, fazendo um barulho absurdo. Barulho. Finalmente ela se sentia parte daquela multidão, não havia solidão, nem silêncio. Ela podia finalmente voltar para casa. Essa troca de olhares durou cerca de meio minuto, o suficiente para trazê-la de volta à vida. Então os olhares se descruzaram, o frio se fez conhecido novamente e ele passou junto com toda a multidão. Algum tempo depois, ela deu meia-volta e tomou o caminho de casa. Não importava que ela se sentisse sozinha novamente, contanto que ela pudesse lembrar que havia momentos como aquele de minutos atrás: vivos.
Então ela acordou, meio sem saber que horas eram, sentindo um frio tremendo. Ela empurrou seu corpo até o banheiro, acendeu a luz, lavou o rosto com calma, puxou o cabelo para trás e o prendeu. Observou sua imagem no espelho, ficou um tempo analisando os detalhes. Um rosto de quem havia lutado com a cama, o cabelo emaranhado e a boca levemente roxa de frio por estar usando apenas uma camiseta com os dizeres 'be stupid'.

Na verdade mesmo, falta descrição


Quando falta palavra é porque o cérebro ainda não encontrou uma conclusão, o coração não encontrou um compasso para a batida e a vida em si ainda não encontrou a lógica para o momento. Talvez conclusões tardem e nem sejam as melhores, mas vivo esperando por cada uma delas. O coração nunca precisou de compasso, mas é bom quando conseguimos entender a quantas ele anda (as vezes tento encontrar um compasso me enganando que o melhor é a batida ritmada, sendo que bom mesmo é quando ele acelera e tenta sair garganta afora). Momentos não precisam de lógica, não sei do que eles precisam, só sei que a vida é feita de momentos. Falta palavra pra continuar, falta sentimento para ser descrito. Na verdade mesmo, falta descrição pra tanto sentimento junto, confuso e entrelaçado.



'Se você não pode explicar isso de modo simples, não entendeu bem o suficiente.' Albert Einstein

domingo, 13 de junho de 2010

Parar

Faz tempo, faz muito tempo. Muitas situações diferentes, sempre alguma novidade me fazendo correr ao invés de parar para refletir. Talvez minhas atitudes tenham revelado isso desde o início: eu não conseguia descansar.
Eu desisti, sem saber ao certo se era o melhor, sem ter a certeza de que desistir era o correto e que era a hora. Eu só não conseguia descansar, nem fazer nada além de olhar para o tamanho dos problemas e colocá-los na frente de tudo, na frente de Deus.
Deixei que o 'aqui e agora' me fizesse duvidar da promessa do meu futuro, larguei de mão muita coisa. E aí eu parei. Parei e resolvi recomeçar do zero, voltar no início daquela situação, entregar e descansar por definitivo nos braços de Deus. Não, eu não havia abandonado Deus antes disso, simplesmente não conseguia descansar e isso me consumia em todos os aspectos, todos.
Não, eu não me arrependo de ter largado aquela situação toda de mão, também não me arrependo de um dia ter começado. Mas insisto em dizer que precisava parar. Eu precisava largar tudo de mão e ter apenas Deus na minha frente de novo, para poder redefinir meu foco novamente. Eu precisava ter parado com tudo, me distanciado um pouco (ou muito) dessa situação toda e não ter absolutamente mais nada para pensar ou agir. Só eu e Deus, sem situação alguma que pudesse me tornar inconstante.
E eu consegui. Não podia ter continuado com aquilo, eu precisava antes ser aperfeiçoada em um 'pequeno detalhe' no qual eu acreditava estar completa. Eu precisava (muito mesmo!) ser aperfeiçoada no amor, aprender a servir a Deus por mim e por Ele e não por outros motivos. Eu precisava tanto desse tempo. E, hoje, tenho por certo de que ainda há muito para ser trabalhado em mim. E, enquanto eu vou sendo aperfeiçoada, moldada e lapidada por Deus e pelo tempo que passa ligeiro, sigo em paz. Sigo descansada, finalmente. Sabendo que se aquilo realmente fosse o melhor, vai permanecer, vai crescer e vai voltar. Eu creio nisso, creio com uma fé sem questionamentos, creio com tudo e espero da mesma forma. Mas antes de perceber isso, eu precisava parar.


'Eu, eu sento no silêncio aqui
E eu estou cheio com o desejo novamente
Eu estou inundada pelo Seu lindo amor
Agora eu, eu estou dobrando meus joelhos,
tão grata pela graça que Você me entregou
O amor que eu preciso eu achei em Você.'
Rebecca St. James

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Valentine's (some)Day


'Finalmente chegou o dia do casamento da Anna, o dia que ela tinha sonhado e planejado por meses...Anna caminhava pela passarela em direção ao David... Este era o momento que ela tinha aguardado tanto... Mas no momento em que o celebrante começou a conduzir Anna e David nos votos matrimoniais, aconteceu o impensável. Uma garota se levantou no meio da congregação, caminhou em silêncio para o altar e tomou a outra mão do David. Uma outra garota se aproximou e ficou ao lado da primeira, e depois outra também fez o mesmo. Logo uma corrente de seis garotas estavam ao seu lado enquanto ele fazia o voto para Anna. Anna sentiu um tremor nos lábios enquanto as lágrimas enchiam os olhos.
- Isso é algum tipo de piada - ela sussurrou ao David.
- Me... me perdoe, Anna. - ele disse, olhando para o chão.
- Quem são estas meninas, David? O que está acontecendo? - ela perdeu o fôlego.
- São garotas do meu passado. - Ele respondeu com tristeza - Anna, elas não significam nada para mim hoje... mas eu dei uma parte do meu coração para cada uma delas.
- Pensei que o seu coração fosse meu -disse ela.
- E é mesmo, é mesmo. - Ele implorou - Tudo que sobrou é seu.
Uma lágrima correu pela face de Anna. Então ela acordou.
Anna me contou seu sonho em uma carta. "Quando acordei me senti tão traída", ela escreveu. "Mas logo fui atingida por um pensamento deprimente: Quantos homens se alinhariam ao meu lado no dia do meu casamento? Quantas vezes dei meu coração em relacionamentos de curta duração? Será que vai sobrar alguma coisa para dar ao meu marido?"... Ainda sinto a dor de ter dado o meu coração para mais garotas que devia no meu passado.'
(Trecho resumido) Eu disse adeus ao namoro. Joshua Harris

Se ao menos nós tivéssemos ouvido antes sobre a dor de deixar partes do nosso coração em relacionamentos que fracassaram, se nós tivéssemos aprendido sem precisar sofrer as duras consequências de uma desilusão. Mas nós nunca ouvimos, eu não quis ouvir. Eu preferi entregar partes do meu coração em relacionamentos que não tinham perspectiva nenhuma de futuro. Foi minha escolha, é a escolha da maioria. Por isso que eu digo: esperem. Por isso que eu digo: espera, Bah. Pra que sofrer se nós podemos evitar? Vale realmente a pena entregarmos nosso coração cedo demais e o vermos despedaçado depois? É tão importante assim ter um namorado a ponto de escolher o primeiro que aparece pela frente? Sejam seletivos, escolham o melhor pra vocês. E, com certeza, o melhor existe. Se não apareceu ainda não optem por se 'divertir com os errados', esperem. É assim que se mantém um coração saudável.
Um Feliz Dia dos Namorados pra todos os que já encontraram o melhor e mais ainda pra quem continua na espera.

terça-feira, 8 de junho de 2010

A gente aprende


Um dia a gente aprende que drama não leva a nada, sinceridade é a fórmula que gera confiança, amigos vem e vão embora com a mesma rapidez, nem tudo é como queremos, abrir mão é necessário, ser feliz além das circunstâncias é mais necessário ainda, lidar de frente com os problemas é a melhor forma de se livrar deles, amar é inevitável, sofrer também, errar é inteiramente humano, persistir no erro é burrice, todo ser humano de vez em quando dá uma de burro.
Um dia a gente aprende que ninguém nos pertence e que nós não pertencemos a ninguém, as pessoas se aproximam porque querem e se afastam pelo mesmo motivo. Aprendemos que o verdadeiro amor respeita, embora não concorde. Que a distância pode fortalecer um sentimento ou esfriá-lo e só o tempo pode tirar essa dúvida. Que todo mundo tem medo de tomar uma decisão errada e perder algo pra sempre, mas que ainda assim todos precisam escolher um lado do muro.
Um dia a gente aprende que o melhor é se calar e ouvir, mesmo se for injusto. Aprende a não chorar por qualquer coisa, a não se estressar com detalhes, a se alegrar mesmo com pouco. Aprende que nossos pais são os únicos que nos conhecem inteiramente, desde a pior fase até os melhores momentos, e que vale a pena ouvi-los. Que ser sarcástico é muito mais fácil que demonstrar uma dor qualquer que nos invade, julgar é horrível quando somos julgados, mas não pensamos duas vezes antes de julgar outra pessoa.
Um dia a gente aprende que a nossa sociedade dita um padrão inteiramente inaceitável, mas que nós seguimos de olhos vendados. Aprendemos que agir com superioridade não é pisar nos outros, mas é dar o exemplo. Que ter dinheiro é necessário, mas não o motivo de uma busca desenfreada sem descanso algum. Que ter status só é válido se ele nos permite fazer alguma diferença no meio em que vivemos, senão é só mais um título que nem sequer merecemos possuir.
Um dia a gente aprende que sabemos na teoria tudo o que foi citado acima, mas que por mais que decoremos em ordem e de trás pra frente, nós ainda vamos errar. Porque a prática, ah, na prática não é nada fácil.

domingo, 6 de junho de 2010

Por Aí


Ela sente falta dele, mas não sabe quem ele é. Talvez uma junção de todos que conheceu, talvez alguém inteiramente novo, que faça seu coração se debater freneticamente apenas ao olhá-lo. Ela não sabe se sua visão a cega ou se ela está apenas tentando se enganar, que aquilo não é amor, que não é a pessoa que ela tem esperado por tanto tempo. Ela apenas sabe que ela o ama, independente de quem é, de como se veste, do timbre de sua voz, do brilho dos olhos. Independente do trivial, ela o ama. Ela sonha com ele, embora em seus sonhos ele assuma uma forma que não seja a sua real. E ela sabe que ele está por aí, esperando por ela de alguma forma também.
Ela precisa do sorriso dele, dos braços que vão protegê-la, dos ouvidos atentos sempre disponíveis para ela. E ela se sente parte vazia por causa dessa ausência, mas ela vai ser fiel a ele, mesmo que ele ainda não a conheça e não a ame.
Ela sonha de olhos abertos, pensando nas milhões de coisas que eles farão juntos, nas brigas e mais ainda nas reconciliações. Ela sabe que ele não é perfeito, mas que a mão dele vai ser o encaixe perfeito para a dela e que o seu sorriso vai ser mais brilhante que todos os outros na visão dela. Ela pensa no dia em que vai chorar por causa dele e ainda assim não vai deixar de amá-lo, nas noites de insônia esperando que o dia chegue e traga ele com o sol, nas palavras trocadas sem serem promessas porque eles sabem que não serão desfeitas.
Ela espera por ele como uma criança espera um presente ou como qualquer tipo de espera ansiosa mas certa de que terá um fim, e um começo. O começo do resto das suas vidas, juntos e durante toda a eternidade.

'A cidade as vezes é o inferno, criei então um universo onde tudo era perfeito e feito pra nós dois.' Capital Inicial

domingo, 30 de maio de 2010

Triste Ilusão


Doença, morte, perda, brigas, solidão. Tudo isso ao mesmo tempo consumindo toda a energia que me restava. É, eu não estava bem fazia um tempo já, agora tudo desmoronou de vez. A segurança, as minhas convicções, minha confiança, tudo caiu e espatifou no chão. Não, eu não tenho mais nada pra dar, não tenho nem o suficiente para me manter em equilíbro. E é tão (tão!) complicado perceber que me falta confiança, que eu não consigo sequer agradecer a Deus por esse dia. Que depois de eu ter conseguido descansar tudo desaba novamente. A única coisa boa nisso tudo foi que eu descobri (finalmente) porque eu não consigo demonstrar meus sentimentos. E só o fato da descoberta foi bom, porque nem o motivo é. Eu não demonstro por medo. Deixa eu explicar direito: eu tenho medo de falar pras pessoas e elas se assustarem comigo ou deixarem de gostar de mim por eu precisar contar isso para alguém e causar desconforto na pessoa que ouvir. Eu tenho medo de me mostrar tão vulnerável e quando eu estiver extremamente exposta eu olhar para os lados e não encontrar ninguém.
Eu não consigo imaginar pessoas que se interessem por mim o suficiente a ponto de ouvir também as minhas tristezas, eu sempre fico pensando que eu tenho amigos de alegrias, porque na tristeza ou meus olhos estão turvos demais, ou as pessoas desaparecem. Eu sei que, apesar de ter amigos que sejam assim, eu tenho amigos que permanecem perto quando eu estou mal, mas eu preciso admitir: é grande o esforço que eu faço pra acreditar nisso, minha tendência é me sentir cada vez mais sozinha.
E é por isso que eu não demonstro meus sentimentos, não por frieza, mas pela triste ilusão de que ninguém se importa com eles.
'Alguma coisa me aconteceu e tudo parece fugir pra outro lugar. Estrelas tristes tentam me explicar e nada acontece, se dissipam todas pelo ar.' Rosa de Saron

sábado, 29 de maio de 2010

Necessidade de Presença


Ando pensando muito ultimamente. Uma das coisas que mais me faz pensar é sobre o que eu tenho feito com o meu tempo. Bom, não tenho como disfarçar, minha vida tem me frustrado o suficiente e mais que o suficiente também. Essa falta de tempo que todos nós sofremos me fez perder grande parte, ou quase todo, o contato com muitos dos meus amigos. E é nesse exato ponto que eu tencionava chegar. Eu não quero amigos somente virtuais. Eu gosto muito de conversas olho no olho, de observar os movimentos das pessoas, ver as lágrimas delas, ver a preocupação nos olhos, ver os sorrisos de cada pessoa, ouvir o timbre da voz, ouvir a risada independente de como ela for. Eu gosto muito disso tudo! Essa simplicidade das pessoas, como elas realmente são, o jeito particular de cada uma.
As vezes eu fico pensando sobre a falta de amor que eu sinto com frequência. E eu posso atribuir grande parte disso à falta de conhecimento real das pessoas. Eu quero amar as pessoas pelo brilho dos olhos delas quando falam de determinado assunto, quero amar elas a ponto de reconhecer a voz delas independente da distância. Quero poder lembrar das covinhas que alguns tem, lembrar do nariz um pouco torto de alguém, das sobrancelhas arqueadas de outros tantos. São detalhes, talvez inúteis, mas extremamente importantes pra mim. Eu quero amar o que é real, eu quero lembrar de como a pessoa me deu oi pela primeira vez, quero lembrar daquelas besteiras faladas seguidas de risadas incontroláveis. Eu quero vida e quero agora. Isso não é algo que se possa deixar para depois, é a vida passando e eu querendo conhecer e acompanhar o tempo no rosto dos meus amigos. Eu preciso das fotos pra me lembrar futuramente de como esse tempo era bom e me fez crescer, só que pra ter essas fotos eu preciso da presença. E a presença é tudo que eu preciso agora. Chega de falsa realidade, de amigos presos a um computador ou telefone. Essa forma de amizade eu deixo pra minha falta de tempo, quando eu estiver impossibilitada de ir ao encontro da pessoa. Porque enquanto me permitirem e ainda existir tempo livre eu quero a vida como ela é: real.
'Diferentes pessoas de diferentes lugares. O tempo é curto, não quero perdê-lo...' Stellar Kart

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Além da Máscara


Não sei do que cansei mais, só sei que cansei. Quem olha pra mim geralmente vê uma pessoa sorrindo, fazendo piada, às vezes séria, mas não muito. Eu mesma vivo pensando que as pessoas que mais sorriem são as que mais mascaram uma verdade, uma dor. É, eu penso isso porque eu julgo os outros através de mim. E é difícil falar sobre esse assunto, mas escrever talvez me faça sentir melhor. Eu nunca me senti tão sozinha na minha vida. As pessoas do meu lado ou próximas a mim nunca pareceram tão irreais. Faz um tempo já que eu não sinto um abraço chegar ao meu coração ou uma palavra de conforto me acalmar. Tudo passa voando, o tempo é curto e não dá pra nada, o cansaço é enorme e me toma como uma nuvem traiçoeira e pesada, muito pesada.
Pra quem continua olhando pra mim sem conseguir entender como eu faço pra sorrir mesmo com isso, é simples. Eu não suporto demonstrar fraqueza, talvez esse seja meu maior defeito. Eu raramente consigo demonstrar minha tristeza publicamente. Aí, então, isso extravasa uma hora ou outra. E aí não tem nada que consiga parar as lágrimas, o sorriso sai e dá lugar ao rosto que eu andava mascarando nos últimos dias.
Poucos são os que conhecem minha vulnerabilidade, sabem lidar com ela e a entendem. Talvez você nunca tenha visto, mas eu sei bem qual é o meu rosto sem maquiagem lavado pelas lágrimas, como meus ombros ficam curvados, meu corpo fica encolhido, eu fico impotente. E eu sei também que, após o companheirismo das lágrimas, eu volto a me sentir sozinha.

'Ser imune a toda dor, ser mais rápido que as lágrimas.' cpm 22

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Uma Droga


A vida é uma droga e isso é a mais pura verdade. Nós não conseguimos ser sempre felizes e quando o somos não é 100%. A vida exige demais de nós e nós exigimos demais dela também. Nós nascemos e nos desenvolvemos em meio a um caos diário. É claro que sempre há uma realidade pior que a nossa, mas nós não a sentimos da mesma forma que sentimos o que nos atinge diretamente. Somos programados para usarmos as pessoas para suprir carências, subir na vida e sermos reconhecidos. Nos importamos apenas com a fome mundial (leia-se a fome na África), mas esquecemos de tentar contribuir de alguma forma para extinguir a fome de conhecimento, de moradia, de famílias estruturadas, que se encontra do nosso lado. Nós somos todos hipócritas demais. Nos importamos apenas com o que não podemos contribuir, porque a partir do momento que isso pesa em nosso bolso ou nos faz levantar a bunda do sofá, aí já não queremos nos envolver. Essa é a realidade. Humanos usam humanos, humanos usam objetos, humanos usam tudo que encontram pela frente e podem se beneficiar. Infelizmente, mesmo se alertados, continuaremos sendo exatamente da mesma forma, talvez consigamos mudar por uma ou duas semanas, mas ficar longe do conforto é difícil para nós, exige demais, não é?
Eu sei que eu posso fazer muito mais por quem me cerca. Parar de usar as pessoas, de ser tão egoísta, de esperar que tudo chegue a minha mão sem esforço. Eu sei que quem tá lendo isso também consegue e eu não vou fazer nenhum apelo do tipo 'levantem suas bundas gordas do sofá e mudem seu mundo' ou 'doe uma cesta básica para os necessitados'. Cada um sabe o que pode ou não fazer, como pode contribuir, o que precisa mudar. Pensem.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

I (will) miss you


'Amigas desde sempre', costumávamos dizer. Nunca uma faltou para a outra quando era necessário. Não era o mesmo sangue, mas era quase. Não, nós não havíamos nos tornado irmãs repentinamente, isso era resultado de uma lapidação dos anos. Era a convivência, ora maior ora menor, que nos tornava tão parecidas. Alguns até alegavam ser a mesma voz e os mesmos trejeitos, nunca acreditamos ter chegado a tanto, apesar de a convivência nos permitir sermos tão semelhantes. Houveram épocas, sim, onde nós nos afastamos. Talvez mais psicologicamente do que fisicamente, mas ainda assim houve essa 'pausa', esse distanciamento. Mas não consigo trazer à memória nenhuma situação em que nós estávamos tão afastadas a ponto de perder o amor de uma pela outra. Isso nunca aconteceu. É até estranho pensar que depois de, aproximadamente, dezessete anos de amizade o amor que sentimos uma pela outra continua forte e vivo da mesma forma ou até maior que antigamente. Aprendi a te amar, aprendi a te entender, a decifrar teus gestos, tuas palavras, teu tom de voz. Não, não é exagero, é o tempo que nós passamos juntas que me permitiu te conhecer. Tu também me permitiu isso, a cada pequena conversa, os segredos, o tempo investido em ambas as vidas. Através desse teu interesse na nossa amizade eu pude te compreender, pude te amar.
Eu sou tão grata pela tua amizade! Deus, nosso Pai em comum, te colocou na minha vida desde o início, quando a gente brincava de construir paredes com vassouras ou ria a tarde inteira, como um pequeno espelho da obra e grandeza dEle. Porque tu, amiga, é e tem sido por muito tempo um grande exemplo pra mim. E tudo isso acontece pelo simples fato de tu permitir que Deus te use, por tu permitir que Ele te molde conforme a imagem dEle. E obrigada por isso! Porque através desse teu coração disposto eu pude muitas e muitas vezes ver Deus te usando como instrumento na minha vida.
E, bom, o intuito de escrever tudo isso é, primeiro, pra te encorajar. Tenho certeza que não importa onde tu estiver tu vai conseguir ser exatamente o que tu sempre pedia quando orava, ser sal e luz da Terra. E tu já tem sido isso na minha vida, na da tua família e na de todos que tem o privilégio de conviver contigo. E tenho certeza que nesses próximos seis meses Deus vai dar esse mesmo privilégio a outras pessoas que ainda não conhecem essa guria tão especial que tu é. E o segundo intuito é o de me despedir 'oficialmente'. Pode acreditar que é meio complicado pra mim fazer isso, vai contra minha vontade me despedir de ti e, com isso, te dizer que estou ciente que tu está indo. Mas eu tenho tanta convicção de que tudo isso foi planejado e cuidado por Deus há tanto tempo que, mesmo com um aperto no coração de te ver ir embora e não te ter aqui por um tempo, eu fico feliz em dizer um 'até logo'.
Portanto só me resta dizer que, mesmo com essa distância física absurda que irá nos separar em breve, meu amor por ti não oscila. Ao contrário, meu amor por ti permanecerá exatamente da mesma forma, só um pouco (muito) mais carregado de saudades de ti.
P.s.: Lembra o que te falei, quando a ficha realmente cair e eu começar a chorar litros sem parar não é porque eu estou triste por te ver ir, mas é minha forma de reagir à distância que vai nos separar.
Te amo. Além dessa distância, em qualquer lugar do mundo e por todo o tempo.

'Voa minha ave, voa sem parar. Viaja pra longe, te encontrarei em algum lugar. Permaneço em ti como sempre foi, mais perfeito e mais fiel. Mesmo sozinho sei que estás perto de mim.'
Ivo Pessoa

Tempo ao Tempo


Como quase tudo na sua (não tão) longa vida, ela cronometraria mais um espaço de tempo. O fato é que ela sempre o fizera assim, dava tempo ao tempo, literalmente. Dessa vez seria um tempo que ela ainda não sabia se era pouco ou muito. Os dias iriam passar de alguma forma, talvez arrastados ou talvez apressados esbarrando em tudo. Não só para ela, mas para eles. Eles só podiam sentar e esperar, mas enquanto isso o combinado era de se permitir viver. Eles sabiam que de alguma forma era necessário agir assim, meio combinado, com algumas pequenas regras e imposições. Eles teriam que aprender a apreciar a paisagem da vida que iria correr em frente a eles, separadamente. E apreciar seria não só observar, mas fazer parte da paisagem também, se perder em meio aos tons até que um esquecesse do rosto do outro ou lembrasse mais. Talvez nesse tempo eles entenderiam que realmente não era nada do que eles acreditavam, aí eles iriam se encontrar ao final do prazo e iriam constatar que eram melhores afastados. Porém tinha também a possibilidade de eles perceberem que aquele tempo afastados havia sido em vão e que eles estavam mais ligados ainda, mesmo que apenas em pensamentos.
Mas ela estava cansada de viver presa em possibilidades, em pequenas esperanças. Ela queria o que era real, ela queria algo certo. E era por essa certeza que ambos esperavam. Cada um em seu caminho, aprendendo o que fosse necessário, talvez até sofrendo vez ou outra. Mas cientes de que a resposta estava a caminho. E ela viria mais cedo ou mais tarde, nesse espaço de tempo que apenas eles sabiam quanto era, que apenas eles entendiam como seria difícil e confuso, que apenas eles contariam dia após dia esperando, que apenas eles precisavam agora. Apenas eles.